Como, de novo, não haverá desfiles das escolas de samba, a cidade aposta nos blocos como ponto de referência para o seu carnaval. Está definida uma ampla programação que deve mobilizar milhares de foliões. No entanto, há problemas. Blocos não autorizados, boa parte deles com base em convocações via rede social, continuam sendo um desafio para as autoridades. No último sábado, o Bairro Alto dos Passos, local de maior concentração, voltou a viver momentos de tensão. Os bares e os restaurantes foram obrigados a baixar as portas em decorrência dos riscos para os clientes, muitos deles impedidos de sair por conta do tumulto.
Tal situação não é inédita. No ano passado, na Rua São Mateus, ocorreu problema semelhante, obrigando a ação policial para impedir a propagação do tumulto. Sábado não foi diferente. Até bombas de efeito moral foram detonadas, a fim de conter os mais exaltados. Como não houve formulação de pedido de autorização, a manifestação ocorreu à revelia do Município, que não montou a estrutura necessária para garantir a segurança do evento.
Concentrações em massa são propensas a problemas quando não há pleno controle. No Rio de Janeiro, no Bairro de Copacabana, depois de uma festa envolvendo 300 mil foliões, um tumulto no final quase terminou em tragédia. A causa quase sempre é desconhecida, bastando um pequeno impasse para a propagação.
Sem os desfiles das escolas de samba, os blocos tornaram-se a opção preferencial dos foliões, sobretudo por ocorrerem antes do período formal do carnaval, acolhendo, por isso, um expressivo contingente de foliões. A vigilância é fundamental não apenas do setor público, mas também dos organizadores, a fim de garantir uma festa pacífica, na qual todos se divirtam sem riscos para si ou para terceiros.
Esse modelo de entretenimento está se espalhando pelo país. Em Belo Horizonte, são esperados cerca de cinco milhões de pessoas nos blocos que passarão pelas ruas. Há pouco mais de uma década, a capital praticamente não tinha carnaval. Hoje tornou-se referência, fruto do envolvimento coletivo das instâncias públicas, empresariais e, especialmente, das entidades promotoras dos eventos.
Juiz de Fora tenta se reinventar nesse modelo, cuja mobilização tem dado resultado nos últimos anos, a despeito da reação das escolas, que clamam pelo seu desfile, mas não se organizam adequadamente no curso do ano, ficando à espera de repasses do município. Mais uma vez, não haverá desfile, mas os blocos estarão nas ruas. Vale a pena participar, mas naqueles em que haja autorização e acompanhamento das instâncias de segurança.