A Samarco terá que pagar uma multa de R$ 250 milhões, por conta do acidente que já registra sete mortos e mais de 20 desaparecidos. O Governo também suspendeu as operações da Samarco e anuncia uma nova legislação. A Assembleia Legislativa, apesar de descartar uma CPI, pretende criar uma comissão especial para investigar a tragédia, mas as medidas são suficientes? O que ocorreu na região é fruto do silêncio de muitos anos e de uma legislação inexistente. Mais do que isso, de fiscalizações lenientes que culminaram com o rompimento de duas barragens. Era uma tragédia anunciada, uma vez que acidentes desta natureza já aconteceram em outras ocasiões. Uma terceira represa, da mesma empresa, apresenta sinais de rachaduras. E é a maior delas, o que aponta para novas preocupações.
A relação com as mineradoras tem pontos de sombra, uma vez que, a despeito dos empregos que geram e da arrecadação que repassam ao estado, têm um passivo preocupante não apenas na área ambiental mas também em outras frentes. Os usuários da BR-040 pagam esse preço ao terem um convívio diário e perigoso com os caminhões, no trecho entre Conselheiro Lafaiete e o trevo para Ouro Preto. As diversas investigações, tanto do Governo quanto dos deputados, apontam para um denominador comum: não é possível essa divisão de espaço. As mineradoras deveriam ter uma via própria para o trânsito de seus caminhões. Projeto e recursos não faltam, mas, enquanto não há pressão, vão continuar ocupando a principal via de ligação com a capital.
A presidente Dilma Rousseff, que visitou ontem a região, viu de perto um cenário devastador, no qual famílias inteiras, muitas delas com agricultura familiar, perderam sua produção, suas casas e a esperança, ficando à mercê de indenizações que levam anos para sair. O deputado Isauro Calais lembrou que situação semelhante ocorreu na região de Miraí há anos, mas até hoje as famílias ainda esperam pelo pagamento da indenização que não veio, sendo obrigadas, por conta própria, a buscar um novo futuro.