Nos dias 24 e 25 deste mês – veja nota no Painel -, Juiz de Fora irá sediar a segunda edição da Conferência Municipal de Segurança Pública. Este ano, o foco será exatamente o papel das cidades na segurança, uma vez que, por muito tempo, essa questão era exclusiva dos estados e da União. Hoje, de acordo com mudanças já implementadas, os municípios têm papel estratégico, sobretudo por serem sede de todos os fatos envolvendo essa matéria. No ato de convocação, os organizadores destacam a participação da população, de entidades e organizações civis, profissionais de segurança e Poder Público, que deverão, ante uma pluralidade de pontos de vista, elaborar um documento capaz de ser implementado no município.
De acordo com a pauta, serão cinco grupos temáticos: relação entre pesquisa, produção de conhecimento e segurança cidadã; direito à cidade e promoção da cultura da paz nas ações de segurança cidadã; prevenção social e o papel da juventude na segurança cidadã; direitos humanos, violência de gênero e racismo estrutural e integração uso da tecnologia e desafios para implementação do Sistema Único de Segurança Pública no âmbito municipal.
Pela própria agenda fica claro que a segurança pública não é um dado exclusivamente voltado para ações repressivas do Estado, a quem cabe o poder da força, mas exige também, e principalmente, a implementação de projetos que se antecipem aos acontecimentos. São muitos os episódios que apontam para a ausência de programas voltados para a prevenção cujo desfecho é de episódios graves.
O país de um modo geral precisa aumentar as políticas envolvendo a juventude, a fim de coibir na base uma série de preconceitos que acabam formando um caldo de cultura de violência. Os grupos temáticos poderão apresentar dados reais e soluções para reverter o processo que perpassa, principalmente, o território digital. A tecnologia é um avanço, e fazer bom uso dela é um dado vital.
Metrópole com cerca de 550 mil habitantes, mas com um entorno que se aproxima dos dois milhões de pessoas, Juiz de Fora deve ter papel assertivo na produção de políticas de segurança cidadã. Hoje, o que se vê não apenas nas metrópoles, mas pelo país afora, é o crescimento da violência e a criação de um governo paralelo capaz de inibir até mesmo medidas do Estado formal. No vizinho Rio de Janeiro, várias regiões são controladas ora pelo tráfico, ora por milícias, ambos fazendo a população de refém.
Tal situação só chegou a esse estágio por conta da leniência das próprias autoridades, que não perceberam o avanço do crime organizado, e pela ausência de projetos para além da repressão. Esta, por si só, não resolve, e o resultado desse enfrentamento quase diário é danoso para a população que vive sistematicamente entre o fogo cruzado.
Espera-se que a conferência jogue luzes em demandas imediatas da população, muitas delas resultantes do primeiro evento, em 2019, e referendado pela prefeita Margarida Salomão, em 2021, quando sancionou a lei que criou o 1º Plano Municipal de Segurança Urbana e Cidadania de Juiz de Fora.