O aumento das apreensões de armas em Juiz de Fora, como a Tribuna destaca na edição desta quarta-feira, é preocupante e revelador. Preocupante por apontar um incremento da população armada o que não significa, necessariamente, estar mais segura. Os próprios dados revelam que uma expressiva parcela de armas ilegais em circulação teve um matriz de legalidade, o que não se confirmou no recadastramento. Como isso aconteceu é a questão que fica em aberto.
A repórter Pâmela Costa avaliou dados da Polícia Militar e conversou com especialistas que foram claro ao apresentar suas preocupações, já que esses equipamentos acabaram caindo na clandestinidade e outro tanto foi utilizado em ações criminosas, seja em ações contra a vida ou contra o patrimônio.
Some-se a isso um outro dado: entre janeiro e agosto deste ano, foram apreendidas 209 armas; deste total, 57 eram de uso restrito. A maioria tem numeração raspada para impedir o rastreio da origem, dificultando as investigações.
O acesso às armas tornou-se uma questão política a partir de 2018, quando o então presidente Jair Bolsonaro flexibilizou o acesso às armas e às munições. No mandato Lula, inaugurado em janeiro deste ano, adotou-se a política de descontinuidade, com a ampliação das restrições. De acordo com o Anuário de Segurança Pública, pelo menos seis mil armas não foram recadastradas.
Investigar tais fatores tornou-se uma necessidade para a implementação de políticas de segurança. Afinal, além das causas, qual o destino que seguiram.
Quando ocorreu a flexibilização, uma das discussões passou pelo risco de os proprietários terem seus equipamentos transferidos ou usurpados, com transferência para a ilegalidade e, por consequência, para a posse do crime.
O aumento das apreensões tem duplo significado: os de repressão do Estado,aumentando a vigilância, e o incremento das notificações feitas pela população quando ocorrem furto, roubo ou perda do armamento. Pelo sim, pelo não, trata-se de um dado positivo que deve ser acompanhado por fiscalização permanente, a fim de garantir até mesmo aos que têm o direito a posse e propriedade de armas, o uso seguro dos equipamentos.
A violência urbana é um dado real, que não está mais restrito às metrópoles. Com a ampliação dos crimes, fruto, especialmente, do tráfico de drogas, cidades de menor porte também estão cotadas na relação de ocorrências. No entanto, cabe às instâncias de poder – União, estados e municípios – desempenhar o papel da vigilância. Ter uma arma em casa não significa objetivamente uma segurança familiar. Quem vai para o crime está disposto a tudo, e o cidadão de bem, mesmo armado – numa situação de risco, – pode se transformar em potencial vítima.