A um ano das eleições e diante de um cenário em que a opinião pública explicita seu descrédito com a política, percebe-se que nem por isso os parlamentares se movem para virar o jogo. Ao contrário, insistem em velhas práticas e acrescentam outras, como o fundo de quase R$ 4 bilhões sem que os partidos abram mão do fundo partidário. Adotam o distritão em nome de boas práticas, mas buscam, na essência, uma carta de alforria para os atuais detentores de mandato. As mudanças importantes continuam sendo jogadas para adiante, como é o caso do voto distrital, que poderia valer para o ano que vem, mas só entra na conta de 2020 ou 2022.
O fato novo está no chamado Centrão, que ameaça tirar apoio do presidente Michel Temer caso o procurador Rodrigo Janot – antes de passar o bastão – apresente nova denúncia contra ele. Na mesa, a ocupação de cargos no Governo, num claro jogo em que o toma lá, dá cá tornou-se a referência. Nada que surpreenda. Quando jogou todas as fichas para evitar a primeira denúncia, o presidente da República, até mesmo por conta de sua vasta experiência, sabia do preço que teria que pagar no futuro. Só que esse futuro chegou mais cedo do que o esperado.
Na reunião de terça-feira, a comissão da reforma política terá a última chance para corrigir as distorções. É pouco provável, mas boa parte dos deputados e senadores já percebeu que a opinião pública, embora não tenha se manifestado com ênfase nos últimos episódios, e o povo sumiu das ruas, não está infensa ao que ora ocorre em Brasília.