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Divergência, sim; violência, não

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A Polícia Federal deve aumentar a segurança dos candidatos, sobretudo à Presidência da República, como um gesto preventivo ante o clima belicoso que envolve a campanha deste ano. O episódio de sábado passado, no qual o guarda municipal e tesoureiro petista Marcelo Aloizio de Arruda foi assassinado em Foz do Iguaçu (PR), durante a festa de seus 50 anos, pelo policial penal federal Jorge Guaranho, simpatizante da candidatura do presidente Jair Bolsonaro, acendeu a luz de alerta para o que pode vir pela frente se nada for feito.

De acordo com o boletim trimestral do Observatório da Violência Política Eleitoral, divulgado pelo jornal “O Globo”, os casos de violência política e eleitoral registrados no Brasil em 2022 cresceram 23% em relação ao mesmo período de 2020. Naquele ano, quando foram eleitos prefeitos e vereadores, foram contabilizados 174 episódios de janeiro a junho – envolvendo ameaças, agressões e atentados contra políticos e seus familiares.

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O país, desde a redemocratização, passou por eleições tensas, mas o que ora ocorre é preocupante. Há segmentos que rejeitam a possível vitória do oponente e adotam um discurso de tensão, que pode mobilizar algum incauto a agir. O episódio do fim de semana ainda está sendo investigado, para apurar todas as circunstâncias, além do vídeo que já faz parte das redes sociais, mas a primeira leitura passa pelo viés político.

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O mundo tem passado por momentos de intolerância, e o Brasil se insere nesse contexto, bastando acompanhar o noticiário diário. São mazelas de toda sorte que são impulsionadas, sobretudo, pelas redes sociais. Os embates chegaram ao ponto de dividirem amigos e famílias, fator exacerbado nas últimas campanhas políticas. As divergências são saudáveis, desde que a busca pela convergência seja elaborada num ambiente de convencimento democrático. Quando a discussão descamba para o discurso agressivo, normalmente ele se reverbera em ações de consequências graves. O momento é de somar.

Um país dividido é o que menos se espera para o pós-eleições, por não haver vantagem para nenhum dos lados. Mas, se por ventura isso venha a acontecer, que o embate seja dentro dos limites da civilidade, a fim de garantir o contraditório de todas as partes. Cabe, pois, aos atores políticos dar o primeiro passo, pois suas palavras e ações moldam comportamento nas ruas.

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O dia a dia já está difícil diante de tantas ocorrências, como a do médico que estuprou uma mulher em pleno parto. Há uma insanidade latente a ser combatida, e, quando a política também sai dos trilhos, os riscos se acentuam.

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