A aprovação da reforma trabalhista, definida pelo Senado depois de seis horas de desnecessária obstrução das senadoras da oposição – dado questionável, pois não respeitaram o direito de maioria, além de abrirem um perigoso precedente -, foi um avanço que já deveria ocorrer há mais tempo. As mudanças retiram vícios de um texto elaborado em 1943, quando o país e o mercado de trabalho eram outros. A renovação se fazia necessária para dar agilidade às relações de trabalho, hoje emperradas por um claro atraso. O país tem um extenso mercado informal, que, só agora, pode ser contemplado.
Ao sancionar o texto, fato previsto para esta quinta-feira, o presidente Michel Temer deve manter os acordos de uma medida provisória para corrigir eventuais distorções. A MP foi negociada com a oposição, mas esbarra, agora, no presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que ensaia uma resistência à sua implementação. Os motivos do deputado, porém, mais parecem um gesto político do que administrativo. Picado pela mosca azul, o parlamentar vive a expectativa de ocupar a cadeira do presidente da República no eventual afastamento de Temer. Se antes era discreto, e até mesmo infenso a essa possibilidade, já não tem mais a mesma postura. Tem conversado com agentes políticos e empresariais e teve a ousadia de receber o ministro da Fazenda ao arrepio do Governo.
Politizar uma questão já vencida é um atraso que só interessa ao deputado, ávido por jogar para a plateia. O fundamental, agora, é manter o que foi acordado e tocar a vida, pois ainda há outras reformas em curso. Ademais, o Congresso tem temas importantes em curso, como a própria discussão da situação jurídica do presidente, hoje sob o peso de uma denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acolhida pelo relator Sérgio Zveiter, mas com a possibilidade de ser rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça.