Com 514,97 casos prováveis para cada cem mil habitantes, Juiz de Fora entrou na lista dos municípios com alta incidência de dengue, o que, em tese, lhe daria prioridades do Governo do Estado na obtenção de recursos e de ações para o enfrentamento da doença. Uma das medidas seria o fumacê, veículo de controle de endemias prometido para começar a atuar no início da semana. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, por uma questão logística e falta de inseticida, a força-tarefa foi adiada. Não anunciou, porém, uma nova dat a para essa operação.
Sem dinheiro, o Governo tem adotado ações pontuais, mas é fundamental que a área econômica seja instada a rever suas prioridades, por não haver sentido deixar uma epidemia em segundo plano. Juiz de Fora já registrou mais dois óbitos, indicando a necessidade de medidas emergenciais. Os hospitais estão lotados, não dando conta de tal demanda, e a secretaria insiste em avaliar a necessidade de utilização do fumacê na cidade. Estão esperando o quê?
Em situações como esta, é necessário que a representação política também entre em campo e cobre do governador Romeu Zema algum tipo de ação. A cidade não pode ficar à margem do processo, mesmo reconhecendo a crise e seus efeitos. A saúde, porém, é inegociável, sobretudo quando os números chegam a níveis insuportáveis.
Essa situação, reconheça-se, não é de hoje. O governo, ante o impasse financeiro, não fez nenhuma ação preventiva nos últimos anos, como se a dengue fosse um problema superado. Bastou o recuo dos índices para que fosse considerada uma doença de menor risco. Ledo equívoco. Já estamos em junho, com temperaturas em queda, mas o mosquito da dengue continua ativo.
No ano passado, a cidade investiu no “mosquito do bem”, lançado em diversas regiões da cidade como um antídoto ao Aedes aegypti. Seus efeitos, contudo, não foram formalmente avaliados, e sua distribuição para outros bairros, cancelada. A falta de verbas foi o argumento, apontando, já naquele tempo, que a dengue estava fora da lista de prioridades. É hora de reverter essa postura.