As recentes ações penais envolvendo a construção do prédio do Hospital Universitário não podem servir de motivo para a continuidade da paralisação da obra, pois há danos irreparáveis que precisam ser sanados. A infraestrutura corre o risco de ficar comprometida, mas o lado mais grave é o dano colateral que afeta a população e a própria comunidade acadêmica.
Neste mesmo espaço, a Tribuna já destacou a necessidade de continuidade do projeto por sua importância estratégica para a região, e agora, como foi mostrado na edição de domingo, por ter servidores que estão ociosos. “Médicos e outros trabalhadores concursados estão subaproveitados, e 16 já foram transferidos para outras unidades do país, enquanto a obra não é concluída.”
Há demanda e há profissionais, o que implica, então, uma forte ação política para superar esse impasse, sobretudo por não haver sentido jogar a conta no colo de quem apenas precisa de atendimento. Ademais, a ação penal pode caminhar sem que haja comprometimento do projeto desde que sejam feitos os devidos ajustes, para colocá-lo dentro da realidade e superar possíveis vícios legais. O HU projetado pode não ser o que vai ser concluído, mas, mesmo assim, será fundamental ser finalizado.
O país tem um histórico de obras paradas, fruto da solução de continuidade adotada pelos Governos, que têm o péssimo hábito de não dar prosseguimento ao que foi iniciado pelo antecessor, principalmente ser for adversário. E, quando vai adiante, espera, primeiro, o sucateamento do empreendimento para, só depois, implementá-lo como se fosse novo. O custo torna-se elevado. Mas não é raro ver obras se perdendo no tempo por causa dessa leniência.
O HU é um projeto coletivo que vai beneficiar milhares de pessoas. Num momento em que a saúde enfrenta sérios problemas, manter a obra parada é contribuir para esse cenário de dificuldades.