Situada em um vale e dotada de muitas encostas, Juiz de Fora, a despeito dos investimentos feitos e os que estão em curso, sempre terá áreas de riscos. Levantamento elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil, empresa vinculada ao Ministério das Minas e Energia, indique que, entre 1.600 municípios, a cidade, com 142 áreas de risco geológico, ocupa a terceira posição no ranking. A Defesa Civil destacou que todos os esses pontos são monitorados constantemente, o que fornece elementos para ações preventivas.
Estabelecer áreas seguras é um entre tantos desafios enfrentados pelo poder público, especialmente no período das chuvas, daí a necessidade de realizar um mapeamento preciso das áreas de encostas vulneráveis a deslizamentos e a outros eventos geológicos. O subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Luiz Fernando Martins, relatou à repórter Nayara Zanetti que esse processo já ocorre em Juiz de Fora, o que é positivo pois permite a identificação de áreas prioritárias para intervenção e monitoramento.
Esse processo, aliás, deve ser contínuo com a implementação de sistemas de monitoramento por meios de equipamentos como sensores geotécnicos, dispositivos de medição de umidade do solo e sistemas de alerta, para facilitar a identificação dos pontos de instabilidade. Dependendo do grau de risco, tal ação é necessária mesmo diante dos custos.
Várias áreas estão sob controle, como são os casos das encostas nos bairros Santa Tereza e JK. O Morro do Cristo também sofreu uma grande intervenção quando se detectou instabilidade na sua encosta, com o desgarramento de pedras que colocavam em risco os moradores da região. Esse dano foi desfeito. Em situações críticas, também há margem para medidas para mitigar os problemas de deslizamento como drenagem adequada e reflorestamento.
Entretanto, as áreas de risco não se situam necessariamente nas encostas. Além de um relevo acidentado, há também pontos de alagamentos que acabam exigindo acompanhamento. Ao curso de sua história, a cidade viveu o ciclo permanente de alagamentos nos bairros Industrial e Santa Luiza – para ficar nestes dois exemplos – que, hoje, passam por intervenções, assim como a Rua Cesário Alvim.
Há, no entanto, necessidade de se olhar para o futuro com a construção de uma legislação capaz de inibir a ocupação desordenada destes locais. Desenvolver políticas de zoneamento urbano que restrinjam o desenvolvimento em áreas críticas é um dado real, assim como a promoção de ocupação segura do território. Ambos os fatores podem contribuir para evitar a expansão desordenada e minimizar a exposição a eventos geológicos adversos.
Como sempre, a educação e conscientização da comunidade também são ações importantes. A população deve ser devidamente esclarecida sobre as consequências de construções irregulares, desmatamento e descarte de lixo inadequado. Ademais, há margem para a integração de políticas de gestão de encostas com iniciativas relacionadas ao meio ambiente, urbanismo e desenvolvimento sustentável. A conjugação desses processos resulta em cenários seguros.
Diante do que já foi feito em Juiz de Fora, talvez não seja o caso, mas em regiões de risco permanente, a criação de comitês de gestão é um meio para fortalecer a resiliência da comunidade frente a eventos adversos.