As chuvas que ora são motivo de atenção estão no meio do caminho, pois ainda há muita água para passar debaixo da ponte. São as águas de março que fecham o verão, e até lá é importante que a comunidade e o setor público estejam atentos, a fim de evitar tragédias que continuam na memória, sobretudo das vítimas, mas nem tanto na dos dirigentes. O caso mais emblemático é o da Região Serrana do Rio de Janeiro. No dia 12 de janeiro de 2011, centenas de pessoas morreram por inundações e deslizamentos de encostas, naquela que foi a pior tragédia do estado nos últimos anos. Cinco anos depois, pouca coisa mudou. A Rede CBN, desde segunda-feira, vem apresentando uma série de reportagens denunciando que as promessas da ocasião que não saíram do papel, e muitas pessoas continuam morando em regiões de risco pela absoluta falta de ter outro lugar para instalar sua residência. As autoridades fluminenses dizem que não é bem assim, mas não mostram números que justifiquem o seu discurso.
Juiz de Fora levou anos para concluir a proteção de suas encostas, mas não pode abrir mão da atenção permanente da mesma forma que a população tem que fazer a sua parte. Jogar lixo, sobretudo às margens dos rios, e fazer construções em áreas não autorizadas são questões que precisam de monitoramento constante, pois os mesmos autores são as vítimas em potencial. Em períodos em que o Rio Paraibuna aumenta sua vazão, é possível ver a negligência comunitária pelo lixo levado pelas ondas. A maioria é de garrafas pet, mas há casos graves de móveis e outros utensílios que deveriam ser descartados em outros lugares. E não é por falta de recolhimento. O Demlurb tem sido eficiente em suas coletas. O que falta é o espírito coletivo. Em ações complexas ou simples, o papel comunitário deve se revelar.
Seja em pequenos ou grandes gestos, as ações preventivas são fundamentais em toda a sociedade. Em meio às chuvas, as epidemias causadas pelo mosquito Aedes aegypti são a prova material da negligência. No caso de enchentes e desmoronamentos ou na contaminação do mosquito, todos são partes interessadas.