O princípio de incêndio num nobreak do sistema elétrico do Cine-Theatro Central causou apreensão diante da importância do prédio para a cidade. De acordo com a ocorrência, o vigia percebeu o evento, acionou os bombeiros, e as providências foram tomadas. Como reconheceu a própria universidade – responsável pelo espaço -, fatores positivos contribuíram para evitar um dano maior: a percepção do vigia e a agilidade dos bombeiros.
O prédio tem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) válido até 2027 e está regular junto aos órgãos técnicos, o que é um bom sinal a ser seguido em outros locais, a fim de garantir a sua segurança. Há cerca de três semanas, um box no Mercado Municipal foi totalmente consumido pelas chamas e chegou a ameaçar outras lojas, revivendo na memória dos próprios lojistas um incêndio que destruiu o local.
Inaugurado em 1904, o mercado foi totalmente destruído por um incêndio, no dia 12 de setembro de 1991, em decorrência da explosão de um reator de lâmpada fluorescente. Ele ficou praticamente fechado até 1995, quando passou a funcionar de forma precária, sendo reinaugurado de forma definitiva somente em 2000.
O local passa por uma nova etapa de obras, a fim de se tornar mais atraente para a população, como ocorre em espaços semelhantes nas principais cidades brasileiras. Certamente suas instalações passarão por ampla revisão, a fim de evitar danos futuros.
Os dois recentes episódios devem servir de alerta para outros locais, especialmente da área central, onde se situa o casario histórico. Ante o processo de recuperação do Centro, é necessário implementar também medidas de segurança contra incêndios, sobretudo pelas consequências que podem ocorrer num sinistro de grande magnitude em uma região na qual os prédios são praticamente interligados.
O Brasil tem situações clássicas que apontam para a necessidade de fiscalização permanente, para evitar danos como os que afetaram o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. No dia 2 de setembro de 2018, o Brasil viu parte de sua história ser consumida pelas chamas com a queima de pelo menos 20 milhões de itens, que faziam parte do acervo de 200 anos do museu. O estrago foi tamanho que o museu, de acordo com sua direção, só será reaberto em 2026.
Esse é um dado relevante quando se trata de prédios históricos. A Catedral de Notre-Dame, em Paris, na França, foi consumida pelo fogo em 2019, e sua reinauguração só deve ocorrer no ano que vem – quando a capital francesa sediará os Jogos Olímpicos – ou em 2025. Reformas desses locais sempre exigem cuidado e preocupação com futuros eventos.
Prédios tombados, especialmente, exigem mais atenção ante a impossibilidade de grandes mudanças em sua estrutura. O Central passou por uma reforma completa, mas a vigilância – como a desta quarta-feira – deve ser permanente.
A Prefeitura, além do Mercado Municipal, também está concluindo a recuperação do Espaço Mascarenhas, outro prédio caro aos juiz-foranos por representar os tempos de industrialização da cidade e por ser, hoje, um importante centro de cultura.
Que, a partir daí, sejam criadas condições de segurança efetiva para um local que já viveu situações graves em pelo menos duas outras ocasiões.