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Dano político

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Derrotado nas urnas de domingo, após três mandatos, o senador Romero Jucá (MDB) considerou o resultado das eleições a crucificação da classe política. Ele se considera vítima das circunstâncias, como a invasão de imigrantes venezuelanos em Roraima, seu estado, mas admitiu que a Lava Jato também influenciou nos resultados. Mas o mea culpa parou por aí. O senador, que foi líder de todos os governos durante os 24 anos no Congresso, imputou ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot a responsabilidade pelo atual quadro de descrédito e dele uma vítima por tê-lo processado em várias imputações.

Jucá adverte que a demonização da política é um problema, e aí tem razão, mas deveria ter dito que os políticos tradicionais também tiveram uma expressiva parcela de responsabilidade nessa mudança promovida pelas urnas do dia 7. Desde 2013, as ruas estão indicando sua insatisfação com o atual modelo de gestão, especialmente com o balcão de interesses que pautou a relação do Executivo com o Legislativo. Os partidos, em vez de pautas propositivas, enquadram o Executivo, como na gestão Temer – a mais fragilizada – na busca de cargos nas instâncias de poder, e quem resistiu à pressão teve dificuldades em governar.

Considerar a política um problema é, de fato, um dado a ser discutido, pois ela faz parte da própria vida. O ser humano é um animal político. O problema está na forma como são conduzidas as articulações e o que poderia ter sido mudado (ou pelo menos tentado) com a reforma política que acabou não saindo. O Congresso, mesmo com o aviso popular, insistiu em não levar adiante demandas importantes e agora paga a conta. Os pontos positivos da mudança só serão testados em 2020, como o fim das coligações, este, sim, um passo adiante.

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No meio da jornada do segundo turno, tanto para a Presidência da República quanto para a eleição estadual, há espaço para se discutir o papel da política nas futuras administrações. Tirá-la de cena não é a melhor opção. Moralizá-la, sim.

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