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Hora de sair do papel

editorial
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Durante visita a Manaus, o presidente Lula anunciou a criação da Autoridade Climática Nacional e um Comitê Técnico-Científico, para atuar no enfrentamento dos eventos naturais extremos. “O nosso objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas, a partir do Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos. Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos”, destacou.

A notícia é boa, pois ocorre num momento em que a estiagem afeta 61 dos 62 municípios que tiveram reconhecimento federal da emergência por causa da seca. Segundo Lula, um novo plano nacional para enfrentar desastres ambientais causados pela mudança do clima também deverá será observado.A mesma situação ocorre no Pantanal, cujo futuro está em risco, segundo advertência da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

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Tanto o presidente quanto a ministra têm projeção internacional para ir além da criação da Autoridade Climática e do Comitê Científico. Nos fóruns internacionais são reconhecidamente respeitados, e o momento exige que utilizem esse capital político para atrair recursos e implementar as medidas necessária para mitigar os dados das secas e das chuvas, em outros momentos, já que ambas, ante a instabilidade que se instalou nas últimas décadas, sempre ocorrem nos extremos.

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Os números continuam preocupantes e a cada dia os dados se tornam cada vez mais críticos, uma vez que regiões até então imunes a esse fenômeno também estão entrando nas estatísticas. Se nada for feito, os acontecimentos de hoje são apenas um ensaio do que possa ocorrer em 2025 e nos anos seguintes. Os níveis de água do Rio Madeira, um dos maiores da Região Norte do país, são a face do que pode vir pela frente.

A discussão ambiental, que ganha relevância em momentos de crise, não é uma pauta exclusiva dos técnicos. Ela deve ser discutida em fóruns econômicos e sociais, pois nessas duas instâncias se situam as maiores consequências.

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A seca que ora põe em xeque a produção agrícola é um problema em si mesma, mas sua repercussão vai ocorrer em breve para o consumidor final. Os preços certamente vão subir e a inflação, ora domada, pode registrar preocupante alteração. E quando isso ocorre, toda a cadeia produtiva é afetada.
Por tais razões, o presidente tem que ir além do discurso e, de fato, tirar do papel medidas necessárias sem carecer de orientações do Supremo Tribunal Federal, cujo ministro, Flávio Dino, usou a caneta para cobrar medidas que não careciam, sequer, de chegar ao Judiciário. Os fatos por si só são suficientes para apontar que algo (ou muito) precisa ser feito.

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