Vida de candidato ao primeiro mandato não é fácil, e, diante da legislação eleitoral aprovada para o pleito deste ano, a situação só se agrava, uma vez que, além de ser uma campanha de apenas 45 dias, há sérias restrições para o seu financiamento, a começar pela proibição de doações de empresas, até então, a principal fonte de recursos. Na edição de domingo, a Tribuna mostrou as principais mudanças, que soam como um paradoxo: reduzem o investimento externo – uma das matrizes da corrupção ora desvendada pelas diversas operações da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público – e definem um período bem menor para o proselitismo eleitoral, mas acabam prejudicando os novatos e os sem meios próprios. Em tese, seria colocar todos sob o mesmo nível. No entanto, os detentores de mandato e os mais abastados, que podem se financiar, acabam saindo na frente.
Resta aos que menos podem voltar ao velho estilo de fazer política, com contato direto com eleitor, gastando a sola do sapato e utilizando as redes sociais, estas, sim, espaço no qual é possível encontrar igualdade, pois atuam num universo em que todos podem ter acesso.
O Congresso fez uma reforma eleitoral quando o ideal seria uma reforma política, capaz de ir além das questões meramente voltadas para o pleito. O país carece de menos partidos, o que implicaria a cláusula de barreira, e fim das coligações proporcionais, próprias para dar fôlego a legendas de menor porte, muitas delas apenas para os períodos eleitorais, já que não têm representação nas casas legislativas. É fundamental, ainda, discutir, de novo, o voto distrital, seja ele misto ou puro, para evitar candidaturas de paraquedistas, que só aparecem de quatro em quatro anos.