O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) compilou dados de áreas com maiores chances de chuvas extremas, secas e possíveis desastres no país. Por sua vez, mapa, desenvolvido por pesquisadores da PUC-Rio, UERJ, UFRB, Metodista e Fiocruz, indica um quadro inquietante e de longo prazo. Já incluídos no Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, do governo federal, indicam que tais fenômenos terão um aumento de 60% nos próximos 30 anos.
De acordo com o jornal “O Globo”, que revelou estes estudos, o Sul continuará sendo uma das áreas mais afetadas, mas este aumento de chuvas extremas também será observado no litoral do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Bahia.
O mapa do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil também destaca as regiões que sofreram com extrema seca e que, nas próximas décadas terão sua situação agravada. O norte de Minas e o Sul da Bahia terão, segundo o modelo, uma queda de 20% no volume total de chuvas até 2040. Quando é considerado o volume de chuvas intensas, essa queda pode chegar a 60%.
Como agravante, e o estudo também mostra, 3.290 cidades brasileiras têm capacidade muito baixa de resposta a desastres climáticos. Os investimentos são precários e não há prioridade nas políticas públicas destas regiões. Como alerta, os municípios gaúchos estão em grau intermediário e, pelo menos 85%, a despeito de algumas ações, estão em situação crítica.
Em períodos pretéritos, as manifestações climáticas eram vistas como algo normal, hoje há comprovações de serem resultados da conjugação de vários fatores, como o efeito estufa provocado pela emissão de gases. Há, pois, o viés humano em questão. Mesmo assim, os muitos fóruns apontando o problema não têm surtido efeito. Os maiores emissores continuam com tímidas políticas de mitigação. O petróleo se mantém em pico de produção e seu uso não passou por qualquer alteração. Ao contrário, mesmo com tantas informações, os governos não recuam nas suas políticas.
Quando ocorrem tragédias como a do Rio Grande do Sul e tantas outras pelo mundo afora, os governos se dizem surpreendidos, o que não faz o menor sentido ante a sofisticação dos equipamentos de medição. Não há espaço para tal desculpa. O que ora dizem os estudiosos deve ser o ponto de partida para a discussão de políticas sérias para redução de danos, já que as chuvas ou secas são um dado real.
O Brasil faz parte do grupo global no qual os extremos são frequentes. Quando se trata de chuvas, o Sul e o Sudeste da Ásia registram situações críticas, com a população enfrentando monções pesadas, tempestades tropicais e tufões. Na América Central e Caribe várias regiões são propensas a furacões, sobretudo no Haiti, Cuba e Honduras. Na América do Norte, nos Estados Unidos, o Sul e o Sudeste, incluindo estados como Florida, Texas e Louisiana, são frequentemente afetados por furacões e tempestades intensas.
Quando se trata de secas, o cenário é também se coloca no limite. Na África Subsaariana, países como Somália, Etiópia e Quênia enfrentam secas severas que afetam a disponibilidade de água e a produção agrícola, exacerbando a fome e a pobreza.
Até mesmo regiões situadas no chamado primeiro mundo têm dificuldades. O interior da Austrália frequentemente passa por longos períodos de seca. Nos EUA, estados como Califórnia, Arizona e Novo México enfrentam secas prolongadas, com reflexos na agricultura e nos ecossistemas.
A diferença está nas ações. Países ricos têm tecnologia e estrutura para enfrentar tais problemas, mas são exceções. O mundo, a despeito de alertas, está em risco.