O discurso do prefeito Bruno Siqueira cobrando dos deputados estaduais uma agenda conjunta, especialmente na área da segurança pública, e a reação de pelo menos dois parlamentares – Noraldino Júnior e Antônio Jorge Marques -, dizendo que a iniciativa cabe ao chefe do Executivo, apontam para o abismo nas relações institucionais de atores políticos num momento em que a cidade cobra do estado medidas mais enfáticas. O prefeito diz que discursos demagógicos não ajudam; os deputados garantem que fazem a sua parte. No meio, o município, que, como os demais, passa por dificuldades em decorrência da crise nacional.
Todos são políticos experientes, que conhecem as demandas de Juiz de Fora, e o melhor a fazer, agora, é deixar de lado suas idiossincrasias e avaliar conjuntamente o que é possível articular em Belo Horizonte. A cidade tem muitas propostas, mas algumas delas são prioritárias, sobretudo na saúde e na segurança pública. Na primeira, mesmo diante do estado de calamidade econômica decretado pelo governador Fernando Pimentel, é preciso cobrar a conclusão do Hospital Regional. Na sua campanha, ele garantiu que iria concluí-lo e já sabia das dificuldades financeiras do estado.
O ponto mais instável, porém, é a segurança. Embora os dois lados apontem que o impasse está no outro, isto é, o município cobra do estado, e os deputados dizem que ações sociais são da Prefeitura, há um deliberado afastamento do governador com as causas locais. Os investimentos são precários, e não há reposição de quadros e de equipamentos. Se forem confirmadas as denúncias da delegada e vereadora eleita Sheila Oliveira, cerca de 30% do efetivo da Polícia Civil irão ingressar com pedido de aposentadoria. Essas vagas serão preenchidas?
Até mesmo as ações sociais, a despeito de serem prerrogativas do município, carecem de respaldo das demais instâncias. O melhor a fazer, agora, é estabelecer uma pauta comum, na qual não haja protagonistas, e sim personagens voltados para o dever imposto pelo mandato.