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Caneta na mão

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O peso da máquina administrativa nas eleições voltou à cena política após os eventos de 7 de setembro, quando a oposição acusa o presidente Jair Bolsonaro de ter utilizado os festejos do Bicentenário da Independência para fazer política. Este, por sua vez, reage dizendo que não misturou as estações, fazendo ações pela reeleição em momentos separados. O tema chegará ao Superior Tribunal Federal, por provocação dos concorrentes, mas as chances de avançar são mínimas, sobretudo pelo pouco tempo que resta para o pleito. Ademais, denúncias de uso da máquina pública não são novas no TSE. Com o advento da reeleição, em 1997, quando o presidente Fernando Henrique encaminhou mensagem ao Congresso e dela se beneficiou ao conseguir o segundo mandato, denúncias de abuso tornaram-se recorrentes.

Nesta edição, o repórter Renato Salles conversa com especialistas sobre esse tema, uma vez que também governadores e prefeitos ou prefeitas passam pelo mesmo crivo. No caso presidencial, nenhum presidente deixou de ser reeleito. Na disputa estadual, sim. Os mineiros, em 2018, não renovaram o mandato do governador Fernando Pimentel e elegeram o novato na política, Romeu Zema. Ele chegou com o discurso da apolítica, sintetizando suas ações nas experiências no setor privado.

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A reeleição, como destacaram os cientistas políticos, tem peculiaridades, pois, ao mesmo tempo em que dá ao dirigente uma vantagem por ter a caneta na mão, ganha, também, um viés plebiscitário, pois sua administração é colocada sistematicamente em discussão. Em 2018, Bolsonaro foi eleito com o discurso antipetista – que se repete – e foi bem-sucedido. Agora, embora mantenha o discurso, ele também está sendo avaliado. Vale o mesmo para Romeu Zema. Se há quatro anos ele era a novidade contra a “velha política”, agora, após quatro anos de mandato, também é político.

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Os críticos da reeleição entendem que, a despeito de ser uma chance de continuidade para quem trabalhou bem, cria um problema, pois os eleitos, já no primeiro mandato, em vez de focarem necessariamente as demandas da cidade, do estado ou do país, cuidam preferencialmente de projetos que garantam um sendo mandato.

Essa questão não seria tão problemática não fossem acordos firmados para se conseguir a reeleição. Boa parte dos executivos, em função de um cenário de coalizão, é induzida a acolher partidos sem qualquer identificação com seus projetos.

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O governador Romeu Zema é o exemplo clássico: durante toda a sua gestão, teve dificuldades em tocar sua agenda na Assembleia Legislativa, por não ter uma base partidária sólida. Desde a metade de seu mandato, tenta passar a mensagem de Recuperação Fiscal de Minas, mas o texto sequer chegou a ser votado e ganha, agora, a crítica dos adversários.

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