O incêndio do Museu Nacional, ora em segundo plano ante o atentado contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro, tem que se manter na agenda como uma advertência ao futuro. O espaço tem que ser recuperado, a fim de garantir pelo menos parte da história do país, agora sob as cinzas do sinistro que a todos chocou com repercussões internacionais. A propósito, em menos de uma semana, o Brasil esteve no centro do noticiário devido a duas ocorrências: o museu e o atentado ao candidato do PSL. E, em ambos, de forma negativa.
Voltando ao museu, a discussão não se esgota na Quinta da Boa Vista. Os muitos inventários levantados nos últimos dias apresentaram resultados preocupantes, pois a maioria dos acervos está com problemas, e Juiz de Fora não é exceção. Na edição de domingo, a Tribuna divulgou o resultado do périplo do repórter Mauro Morais pelos espaços da cidade. Há pontos que merecem o sinal verde, por estarem sob guarda segura, mas boa parte carece de investimentos, a começar pelo principal deles. O Museu Mariano Procópio, um dos mais importantes do país, está há anos com suas salas fechadas em razão de obras que não acabam nunca, deixando uma geração sem conhecê-lo plenamente por não ter acesso.
Não se desconhece a situação das prefeituras, todas de pires à mão, mas é preciso arranjar caminhos para se chegar ao Tesouro Nacional a fim de se obterem recursos. A cultura, como já foi dito neste espaço, não é uma agenda menor, o que faz dela uma instância que também precisa de atenção permanente. Mais ainda, a pauta não se esgota no Executivo, responsável, mesmo indiretamente, pela gestão, devendo ser um projeto coletivo que envolva parlamentares federais e estaduais.
O Mariano Procópio é um patrimônio do país, e deixá-lo fechado por tantos anos tem o mesmo efeito de um espaço sinistrado por ficar sem meios de se conhecer uma importante fase de nossa história.