O adiamento de contratações temporárias pelo comércio é um indicativo da situação econômica do país e seu reflexo em todos os setores. Não há apostas sobre as vendas do fim de ano, o que leva os empresários a esperar pelo aumento da demanda a partir do pagamento da primeira parcela do 13º salário, prevista para o dia 30 de novembro. Esta, no entanto, é apenas uma das muitas situações preocupantes que estão se incorporando ao dia a dia da população. O próprio setor já perdeu 1.190 postos de trabalho, no período de janeiro a julho deste ano, e não apresenta sinais de recuperação, já que os custos aumentam sistematicamente. A ameaça de novos tributos ensaiada pela equipe econômica do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não ajuda em nada.
A rotina de más notícias não é fruto da insistência da mídia em lidar com o pior, e sim fruto das constatações diárias do modo como o Governo tem lidado com a situação. Um dia após a agência Standard & Poor’s rebaixar a nota de investimentos do país, a Petrobras entrou na mesma lista, algo esperado por ter sido o centro de corrupção endêmica. O grave é, de novo, a repercussão no mercado. As bolsas caem, o dólar sobe, e os custos vão para as alturas.
Ante o rebaixamento, o Governo anunciou ontem que brevemente irá apresentar sua cota de sacrifício com a redução de despesas, mas é algo que só vendo para crer, pois não há garantias de que tais medidas serão tomadas. A esperada redução dos ministérios não tem data, por conta da reação do partidos aliados. Como ninguém quer perder espaços na estrutura de poder e o corte não foi discutido previamente, não se sabe, agora, quem ficará sem pasta. Além disso, há desencontros frequentes entre os próprios ministros. Joaquim Levy, da Fazenda, anuncia aumento da carga tributária, e Nelson Barbosa, do Planejamento, diz que não é bem assim. Essa dubiedade, aliás, foi uma das razões do rebaixamento da nota do Brasil.