A audiência pública desta quarta-feira, na Câmara Municipal, para tratar da insegurança nos bairros Alto dos Passos e São Mateus é o desdobramento de outras reuniões formuladas pelos vereadores para discutir o mesmo problema, mas a expectativa da comunidade é de que, desta vez, haja uma saída viável para uma demanda que atravessa anos e que ganha contornos expressivos durante eventos, como os jogos da Copa do Mundo. Torcedores de várias regiões se encaminham para a Zona Sul e fazem do local um espaço de confraternização, mas também de confrontos.
E é esse o principal desafio das autoridades. Afastar o público compromete o comércio. Manter os vândalos confirma o drama dos moradores, que, dia após dia, acham suas calçadas e seus jardins minados por objetos de toda sorte e marcados pelo cheiro de urina. Os mijões, como a Tribuna pôde mostrar na edição de terça-feira, são um flagelo que se replica pelas metrópoles. No Rio, foram adotadas multas, mas ainda não foram suficientes para resolver o problema.
Como a praça e as ruas são públicas, impedir a participação coletiva está fora de cogitação, o que manda o debate para outra frente. Como controlar a massa e evitar que o lazer se torne vandalismo? Ademais, há relatos de confrontos entre galeras que levam o medo para os moradores e para os próprios participantes dos eventos. Recentemente, um homem foi baleado dentro do próprio carro em plena luz do dia. Se houvesse reação, haveria o risco de bala perdida para os muitos usuários dos bares e dos restaurantes da região.
Soluções para tais casos nunca são simples, pois a complexidade é múltipla, daí a importância da audiência convocada pelo Legislativo, para dar espaço para autoridades, comunidade e comerciantes apresentarem suas propostas. A discussão, certamente, não vai se encerrar neste evento, mas é possível dar um passo importante para se achar uma saída na qual todos sejam beneficiados.