O acidente com um caminhão bitrem carregado de combustível, na Serra de Petrópolis, na última quinta-feira, que culminou, infelizmente, com a morte do seu condutor, é mais uma prova da insegurança do trânsito na região. Quatro automóveis também foram atingidos pelas chamas e tiveram perda total. Por artimanhas do destino, somente um passageiro se feriu no braço, mas poderia ter sido pior tal a dimensão dos danos.
A Serra ficou fechada desde as primeiras horas do dia e só foi liberada parcialmente no início da tarde, mas as consequências foram suficientes para comprometer a programação de muitos usuários da rodovia que ficaram retidos em pleno feriado prolongado. A liberação se deu graças aos esforços dos bombeiros, que enviaram sua tropa de elite que trabalha com acidentes de tal porte, e dos funcionários da concessionária, que se fizeram presentes desde as primeiras horas.
A lição a ser tirada, de novo, é a total falta de condições para o trânsito de veículos pesados numa rodovia construída ainda no período imperial. Eles convivem com automóveis e ônibus num cenário de tensão pelos quilômetros entre o pedágio até a chegada a Petrópolis.
No contrato de concessão está prevista a construção de um túnel que tiraria todo o trânsito das curvas sinuosas da Serra e encurtaria, ainda, o tempo de viagem, mas a obra está parada há quase uma década em decorrência de pendências jurídicas que tramitam no Tribunal de Contas da União e não chegam a uma decisão de mérito. O túnel é apenas parte do processo já que outras obras – que podem ser vistas ao sabor do tempo – também foram interrompidas.
Anuncia-se agora uma nova licitação com um trecho maior para quem ficar com o lote 1. Em vez do trecho Rio/Juiz de Fora, ele seria até a capital mineira. A chegada a Belo Horizonte, hoje, está sob responsabilidade da VIA-040, que já anunciou a sua indisposição de continuar com a concessão.
As várias tentativas de tirar a licitação do papel têm esbarrado em medidas protelatórias, com alguém pedindo vistas do processo ou cobrando novas informações. O acidente de quinta-feira, talvez, sensibilize os ministros sobre a importância do projeto que é uma prioridade coletiva. Uma expressiva parcela de moradores de Petrópolis trabalha no Rio de Janeiro e cumpre diariamente uma perigosa jornada, que se torna bem mais perigosa no período das chuvas e agora, no inverno, quando a visibilidade é precária à noite, exatamente quando os usuários fazem o caminho da volta.
O Governo tem sinalizado que as estradas serão prioridades da gestão, o que leva a crer que o Dnit irá atuar de forma ostensiva na solução do impasse. Quanto mais tempo se leva, mais caro fica o projeto que deveria ter sido implantado já na primeira etapa da privatização.
O túnel é o caso mais emblemático. Terá que passar por uma ampla vistoria, para se avaliar as consequências do tempo e o que elas significam no projeto. Os ministros precisam ser convencidos da necessidade de se dar fim a essa novela de longos capítulos.