As chuvas de verão que assolam a cidade desde dezembro e já significam pelo menos 40% do total esperado para janeiro são motivo de preocupação, sobretudo nas regiões com riscos de alagamento. Daí ser procedente o pedido da prefeita Margarida Salomão aos vereadores, para que a Câmara aprove recursos da ordem de R$ 420 milhões para obras de drenagem, “para equacionar problemas crônicos de alagamentos em diversos bairros de juiz de Fora”.
Já foram feitos investimentos para mitigar os danos, mas, se nada for implementado com maior profundidade, as obras provisórias terão que ser repetidas a cada ano. Não é de hoje, por exemplo, que os bairros Santa Luzia, na Zona Sul, e Industrial, na Zona Norte, são afetados por alagamentos. O primeiro em razão da vazão do Córrego Santa Luzia, estrangulado em boa parte de seu trecho, enquanto na Região Norte o problema é Rio Paraibuna, acima do nível da região, o que força os afluentes a um recuo natural que se acentua no ciclo das águas. Como consequência, o refluxo atinge as residências e inunda as ruas.
A grande correção do Paraibuna, ainda nos anos 1940, durante a gestão Getúlio Vargas, mudou o perfil da cidade, que antes vivia à mercê de inundações frequentes, como a conhecida enchente de 1940, cujas águas chegaram até a Avenida Rio Branco. Com a correção, o problema foi resolvido, mas a cidade cresceu, e outras demandas surgiram.
A mensagem do Executivo tem como alvo, de acordo com a Prefeitura, dar solução de longo prazo para esse problema sazonal. A drenagem se faz necessária também nos bairros Mariano Procópio, Democrata e Linhares e na Rua Cesário Alvim.
É fato que a solução definitiva para todos esses males careceria de recursos da ordem de R$ 800 milhões – o que é impraticável em tempos de economia instável e por questões de endividamento do município -, mas o valor apresentado aos vereadores já muda o perfil dessas regiões de forma definitiva.
A infraestrutura das cidades é uma questão que carece de discussões permanentes, sobretudo pela mutação diária que ela registra. Os municípios de grande e médio porte são alvos constantes de migração e, com elas, ocupação desordenada de áreas críticas. Como o Poder Público não acompanha de forma permanente esse crescimento, os problemas se agravam de ano para ano.
E aí entra o fator climático. Pelo mundo afora se verificam mudanças abissais, ora com chuvas torrenciais, ora com secas de longo prazo. Vale o mesmo para a temperatura. Os verões são cada vez mais intensos, assim com os invernos estão se tornando mais rigorosos.
Todos esses transtornos têm o fator humano, o que lhe dá, também, a responsabilidade de encontrar soluções.