Oficialmente, os nomes serão definidos somente nas convenções de abril, mas os candidatos à Presidência da República já se movem pelo país afora como se não houvesse qualquer impedimento legal para a pré-campanha. O noticiário tem sido pródigo em revelar as andanças de próceres da política na busca do voto sob o argumento de estarem apenas viajando para conhecer as bases. Não são os únicos. Há os que se movem dentro das estruturas partidárias tentando ganhar a adesão dos pares, como é o caso do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que, mesmo dirigindo uma pasta estratégica para o país, não deixa de dar suas escapadinhas, já tendo visitado até Juiz de Fora para um culto evangélico, que tem sido o seu principal território de ação.
Mas o caso mais emblemático envolve o apresentador Luciano Huck. Depois de uma carta ao país, na qual anunciava solenemente que não tinha pretensões eleitorais, ele volta à cena ao visitar o set do colega Fausto Silva e fazer um discurso eminentemente político. “Não existe salvador da pátria na política” e “Construímos muitos muros e poucas pontes” foram duas afirmações do apresentador que chamaram a atenção pelo contexto. Ele as fez em rede nacional, intrigando até mesmo o Palácio do Planalto.
O Governo não teria visto nada de mais, pois todos são livres para expressar, mas lá, como nas demais instâncias, acendeu, de novo, a lâmpada da dúvida. Huck está dentro ou fora do jogo? A Globo, em nota, garantiu que não apoia nenhum candidato e que qualquer um dos seus funcionários que tiver essa pretensão tem que se desligar, mas todos sabem que é apenas uma postura para o público, como já era esperado. Em foco estão os próximos dias, ou meses, quando começam as convenções.
O apresentador ser candidato está dentro do seu direito, como de tantos outros, mas a questão é saber qual o discurso esses personagens pretendem levar para o eleitor, pois, como bem disse o próprio Huck, do que o país menos precisa é de salvadores da pátria.