O presidente Michel Temer, com respaldo em sua experiência parlamentar, tem tentado pacificar sua base, mas não está nada fácil. A cada dia, surge uma crise, que, de certo modo, reflete na instância econômica, algumas delas, aliás, criadas dentro da própria instância de poder. Mal resolveu o caso Geddel Vieira Lima – ministro que confundiu o público com o privado ao tentar facilitar a construção de um prédio em Salvador, no qual teria um apartamento -, o presidente se defrontou com a crise da madrugada, aquela em que a Câmara desfigurou o projeto anticorrupção articulado pelo Ministério Público.
Ante a possibilidade de o Senado tirar os jabutis plantados pelos deputados, eis que surge a crise Renan, por conta da intempestividade do ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, que mandou tirá-lo da presidência do Senado, e da reação do parlamentar, que ignorou solenemente a ordem judicial. No dia seguinte, mesmo sabendo que ficaria menor ante a opinião pública, o STF arrumou uma saída política, mantendo Renan na presidência, tirando-o apenas da linha sucessória.
Quando se consideravam os impasses resolvidos, Temer deixa vazar que convocaria o tucano Antônio Imbassahy para suceder Geddel na Secretaria de Governo. Foi a senha para o Centrão – uma confraria de partidos de menor porte -, capitaneado pelo deputado Jovair Arantes, se rebelar e ameaçar melar a votação da mudança na Previdência. Temer cedeu, ficando de buscar uma solução nesta segunda-feira.
Governos fracos num presidencialismo de coalizão são o ingrediente certo para crises, o que aponta para um 2017 preocupante, pois a economia não reage, e o presidente age como uma biruta de aeroporto.