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Campanha sem candidatos

editorial
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Restando um ano para as eleições municipais, nas quais serão eleitos prefeitos e vereadores, o jogo político ganha novos contornos pelo interesse nacional que elas despertam. Os líderes partidários sabem que uma boa base de representantes nas câmaras municipais e nas prefeituras tem forte peso na definição do quadro nacional. Não é à toa, pois, que o périplo pelos estados e município já está em curso. Nesta segunda-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Belo Horizonte para uma programação eminentemente política.

A visita serviu para jogar água numa iminente fervura entre ele e o governador Romeu Zema. No mês passado, o dirigente mineiro, talvez tentando desvincular-se do bolsonarismo, fez comparações com o ex-presidente que desagradaram ao núcleo duro do ex-presidente e seus filhos, especialmente o vereador Carlos Bolsonaro. O governador piscou e foi um entusiasmado anfitrião.

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Pouco afeito à política no início do mandato, o governador de Minas vive um ciclo pedagógico e já percebeu que são necessários avanços e recuos para evitar isolamentos. O seu próprio partido tem uma nova postura. Se antes funcionava apartado do mundo político na prática e nos costumes, já avaliou que seu modus operandi o levaria até mesmo a uma eventual crise interna por não alcançar cláusulas de barreira. Até mesmo na base há mudanças. Há cerca de uma semana, o partido, em Juiz de Fora, fez um evento num dos bairros mais populosos da cidade.

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O jogo, porém, começou em todas as instâncias. A despeito de o Senado ter embargado a minirreforma eleitoral, obrigando os diretórios a refazerem suas contas, sobretudo na composição de chapas, ante a obrigatória inserção de 30% de vagas para mulheres, a maior parte já está com suas equipes definidas, restando apenas os vereadores, que só poderão mudar de partido, sem qualquer justificativa, na janela partidária a ser aberta em abril de 2024.

Estes, porém, mesmo nas atuais legendas, já fazem cálculo sobre o próximo passo, já que nem todos têm planos de ir para as urnas pelas mesmas legendas pelas quais foram eleitos em 2028. São muitos os fatores, mas, como é do jogo, o que se faz são contas e não discussões ideológicas.

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A próxima Câmara, em vez das 19 vagas, terá 23 cadeiras a partir de 2025. Haverá, portanto, substancial mudança nos cálculos envolvendo as possibilidades de cada partido. E é de olho nestes números que os políticos se movimentam.

Por sua vez, o processo majoritário tem outra formatação. Muitos políticos agem de olho nos acordos nacionais, por saberem que, necessariamente, vão depender de apoio das cúpulas estaduais e federal. E como estas ainda não fecharam suas articulações, nem todos podem ir às ruas com seus projetos, até mesmo por não saberem por qual legenda vão disputar. No caso de Juiz de Fora, a única definição até agora está na Prefeitura. A prefeita Margarida Salomão vai tentar a reeleição já com seu principal cabo eleitoral definido: o presidente Lula.

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Só a partir da definição plena do quadro é que será possível discutir as demandas de Juiz de Fora. E são elas que estão no radar dos eleitores.

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