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Vocação dos aeroportos

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Na edição deste domingo, a Tribuna tem como destaque uma entrevista com o gerente da Infraero no Aeroporto da Serrinha, Gustavo Schild, na qual ele apresenta as metas da empresa e demonstra o cenário atual do Terminal Francisco Álvares de Assis, que recebe apenas voos de aeronaves de menor porte – boa parte delas da aviação privada – sem condições, ainda, de retomar as linhas comerciais, que durante anos operaram na cidade. O acordo da Infraero com a Prefeitura prevê não apenas a administração técnica do Aeroporto, mas também a realização de uma série de estudos que vai avaliar a competência do local para receber voos comerciais.

Esse é o principal ponto do acordo, pois é necessário avaliar tecnicamente a vocação do terminal e o que pode ser realizado para viabilizar a sua atualização. Durante anos, várias empresas operaram em Juiz de Fora, mas, por uma série de fatores, inclusive de segurança, encerraram suas linhas, muitas delas, agora, no Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, entre as vizinhas cidades de Goianá e Rio Novo. De acordo com Schild, não há que se falar em pousos e decolagens comerciais em Juiz de Fora no curto prazo ante o muito a ser feito, embora não descarte essa possibilidade.

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Quando ocupava a chefia do Governo, o presidente Itamar Franco chegou a incentivar estudos para atualizar o Serrinha. Um deles – como já foi destacado neste mesmo espaço – sugeria uma torção na pista, para facilitar o aumento de sua extensão, em direção ao Bairro Santos Dumont, que naquele tempo tinha poucas habitações. A ideia não avançou, o bairro cresceu, e a opção foi o Regional. Hoje, de acordo com avaliações preliminares da Infraero, o adensamento é um dado relevante, embora não seja empecilho em razão das novas tecnologias. Quem decola do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, encontra o Pão de Açúcar à sua frente, o que leva os pilotos a manobrarem as aeronaves sem qualquer risco. Em São Paulo, o Aeroporto de Congonhas está numa das regiões mais populosas da cidade e continua em operação.

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Ao fim e ao cabo, avaliar a vocação do Serrinha e do Itamar Franco é, pois, uma questão estratégica para se estabelecer políticas de investimento, já que não faz sentido um desidratar o outro quando a meta é somar. Se as condições técnicas permitirem, nada impede a volta dos voos comerciais para Juiz de Fora. Ao mesmo tempo, porém, é fundamental estabelecer ações para configurar o terminal da Zona da Mata como industrial, por sua capacidade de receber aviões de carga e dar margem de desembaraço no Porto Seco. Um dos gargalos, que já se tornou tema recorrente, é o acesso. A rodovia MG-353 precisa de intervenções de grande porte, sobretudo para duplicação da pista. Se hoje a convivência atual com caminhões já é um problema, o risco será maior com outros veículos de grande porte se nada for feito. Exemplo típico é a BR-040. A despeito de ter pista dupla, no trecho entre Conselheiro Lafaiete e o trevo de acesso à via para Ouro Preto, dirigir é um ato de coragem ante o trânsito permanente dos caminhões das mineradoras.

A construção desse novo cenário deve ser um projeto conjunto, envolvendo as instâncias públicas e privadas. A cidade e a região estão próximas às principais capitais do país e devem aproveitar essa condição para implementar seus negócios, o que só é possível com acesso seguro e rápido.

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