A inserção no noticiário policial das relações entre taxistas e motoristas de Uber é lamentável, mas não é novidade. Em outros centros, nos quais o serviço também é compartilhado, o embate é uma preocupante realidade e de consequências extremas. Os dois lados têm queixas, sobretudo os taxistas, uma vez que o serviço de aplicativo é proibido por lei em Juiz de Fora. A despeito disso, o número de usuários é crescente, e o de carros com esse serviço também. Na edição de quinta-feira, a Tribuna revelou que pelo menos 300 já estão em circulação.
A concorrência é sempre saudável, pois é motivadora de mudanças, mas é preciso haver regras, sobretudo quando o usuário corre o risco de ficar nesse fogo cruzado. Os enfrentamentos, na maioria das vezes no silêncio da madrugada, podem ter consequências graves. Pelo menos duas ocorrências já chegaram à polícia em razão de seus danos. Há outros relatos que não chegam à instância policial, mas que também são preocupantes.
É fato que a lei é para ser cumprida, e a Secretaria de Transportes já teria autuado pelo menos 40 motoristas daUber, mas é necessário rediscutir o tema ante a situação vigente. Com um serviço de táxis fragilizado e sem meios de ser ampliado ante ações judiciais, o usuário, desinteressado nessa bola dividida, mas exercendo o seu direito de consumidor, cobra o serviço, e, aí, a Uber acaba tornando-se uma opção.
É esse o nó górdio da questão que se reflete pelo mundo afora. A convivência entre o serviço formal de táxi e o aplicativo é problemática até mesmo no chamado primeiro mundo. Não há, pois, novidade que se reflita também abaixo da linha do Equador. A questão, porém, é saber até quando e os riscos que ambos os lados correm nesse impasse.