As eleições de outubro terão um forte viés nacional, especialmente nas cidades de médio e grande porte, de acordo com observações do cientista político Felipe Nunes, durante entrevista à Rádio Transamérica Juiz de Fora. Nos pequenos municípios ainda há margem para o debate local, mas nas demais regiões, o combustível do pleito será a polarização.
Pelos primeiros ensaios, já é possível confirmar tal postura, bastando acompanhar as recentes ações dos políticos pelo país afora, enfatizando uma pauta nacional mesmo sabendo que o eleitor, em disputas para câmaras e prefeituras, tem uma preferência por temas que lhe interessam diretamente.
De fato, as afirmações do professor confirmam o que já se sabe desde 2018, quando o embate do nós contra eles não mais ficou restrito a apenas um dos lados. O bolsonarismo se tornou o principal antagonista do lulismo e, pelo que se percebe, calcificou um cenário que vai perdurar por um bom tempo.
Mas os políticos devem ficar atentos. Estabelecer apenas uma agenda de viés nacional pode ser uma ação de risco, já que passa ao eleitor a impressão de não haver programa voltado diretamente para os interesses de sua região. Juiz de Fora tem forte tradição política que não se esgota na polarização. O eleitor, a despeito de toda a dicotomia política que ora se lhe apresenta, quer conhecer as pautas locais, como infraestrutura, saúde, educação e segurança pública. Portanto, é essencial apresentar propostas claras e viáveis para resolver os problemas enfrentados pela comunidade.
Além disso, em um ambiente polarizado é importante adotar uma postura de inclusão e diálogo, buscando unir diferentes grupos e ouvir as diversas vozes da comunidade, que pode ser efetivado por meio de fóruns de discussão, audiências públicas e consultas populares.
Mesmo local, o pleito de outubro vai cobrar dos candidatos propostas que envolvam também a região, pois Juiz de Fora é polo da Zona da Mata e acolhe uma demanda diária de moradores de outros centros que aqui acorrem em busca de serviços. Por isso, o desenvolvimento econômico regional é uma pauta urgente, que deve ser fundamentada em ações factíveis e não apenas para agradar a plateia. Hoje, o entorno da cidade carece de uma série de decisões que precisam ser levadas adiante após um diálogo entre a liderança de Juiz de Fora e seus vizinhos.
Na instância social é necessário promover ações pela igualdade e justiça. Num período de grande atividade nas redes sociais, os candidatos precisam estar atentos a pautas de inclusão, de combate à discriminação em todos os níveis e distribuição de renda. Em suma, num cenário polarizado a agenda mais adequada deve conter propostas concretas para resolver os problemas locais com uma postura de diálogo, transparência e compromisso de viés social e de sustentabilidade.