O deputado federal Major Olímpio (SD-SP) utilizou sua página no Facebook para fazer, o que segundo ele é uma ironia, um desafio aos presos do complexo de Bangu, no Rio de Janeiro. Defende que eles revertam o placar hoje favorável aos internos de Manaus, que, numa só rebelião, mataram 60 colegas de cela. “Vamos lá, Bangu! Vocês podem fazer melhor.” A publicação, até a noite de domingo, tinha cerca de sete mil compartilhamentos e 23 mil curtidas. Muitos elogiaram o parlamentar, conhecido pelo tom dos discursos, quase sempre questionando o modelo de segurança do país.
A declaração não surpreende, mas o compartilhamento e as curtidas apontam para um sentimento latente na sociedade, fruto, sobretudo, da ineficiência do Estado em estabelecer políticas de controle do sistema penitenciário. Hoje, tal território está sob a égide das facções, ora se digladiando para ampliar o seu poder.
Por conta da violência que chega às ruas, a sociedade acaba concordando com essa mesma violência, quando ela tem os condenados como autores e vítimas, por entender que a profilaxia está sendo feita pelos próprios envolvidos no crime. As condenações, que deveriam ser o limite, já não atendem a opinião pública, que acaba concordando com as mortes nos presídios, fazendo coro com o governador do Amazonas, José Mello (PROS), quando disse não haver inocentes entre as vítimas.
O problema é que, quando a sociedade chega a esse ponto, outros limites podem ser ultrapassados, frutos da insatisfação social e da inação das autoridades. Todos os governos pós-democratização apresentaram esboço de planos de segurança – incluindo o de Michel Temer -, a fim de reverter o jogo. Pura política, como jogada para a arquibancada. As medidas que deveriam ser implementadas não saíram do papel. E este é o preço que hoje se paga.