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Lua de mel e conversas

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É comum dizer na política que a lua de mel dos eleitos tem curta duração, valendo sobretudo entre o período de divulgação dos resultados e a posse. É nesta fase que os dirigentes aproveitam para estabelecer negociações com possíveis aliados e formatar a transição.

Esses dois processos estão em curso. No caso da transição, as primeiras conversas foram promissoras, por apontarem que não há indisposição do atual Governo com a futura gestão. O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, chegou a ter um breve encontro com o presidente Jair Bolsonaro, que o chamou ao seu gabinete na semana passada.

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A etapa mais crítica envolve os atores políticos que controlarão a agenda do Congresso pelos próximos quatro anos. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha desembarque ontem em Brasília para entabular as primeiras conversas formais com as lideranças políticas, inclusive com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP), que respaldou a atual gestão e esteve no palanque do presidente Bolsonaro.

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Lira e o Centrão, do qual é um dos próceres, são pragmáticos. Ele quer renovar o seu mandato à frente do Legislativo, e Lula precisa de uma base forte para enfrentar uma oposição bem mais aguerrida do que a de 2003 a 2010, quando exerceu seus dois primeiros mandatos.

Num presidencialismo de coalizão, os dois lados são parte interessadas, já que há mútua dependência: o Governo tem o poder de agenda, mas é o Congresso quem define o ritmo e o rumo dos projetos em tramitação. Um presidente da Câmara aliado é um passo adiante.

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O PL, a outra ponta do Centrão, anunciou que fará oposição, mas não especificou como ela será desenvolvida. Seu presidente, Waldemar da Costa Neto, também é um homem de articulação. Ele tanto pode anabolizar o projeto do presidente Jair Bolsonaro, de ficar em evidência pelos próximos quatro anos, quanto pode se opor a Lula apenas no básico, especialmente nas chamadas pautas de costumes.

Os próximos dias serão emblemáticos, pois o resultado das conversas será indicador do que virá pela frente, a partir de 1º de janeiro de 2023. O PT, partido de Lula, já abriu conversas com o MDB e admite que a senadora Simone Tebet terá assento no grupo de transição. Economistas identificados com o PSDB de Fernando Henrique e que tiveram papel assertivo na criação do Real durante o mandato Itamar Franco também serão ouvidos.

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Em meio a uma Copa do Mundo, que atrai a atenção global e no Brasil de forma especial, os bastidores da política estarão repletos de temas de interesse coletivo, mas que nem sempre chegam ao conhecimento das ruas.

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