Nos recentes ensaios da reforma política, o que se vê é mais do mesmo, pois nada foi acrescentado além do que já passou por um sem número de comissões do Congresso Nacional. A cada pleito, os políticos ressuscitam a necessidade de mudanças, boa parte delas voltada para os seus próprios interesses. Cláusula de barreira, fim de coligações proporcionais e voto distrital são temas recorrentes nessa agenda, que não chega a uma conclusão. Agora, ante o fracasso de algumas legendas nas eleições do primeiro turno, fala-se, de novo, em acelerar a discussão sob a promessa de 2017 ser o ano de grandes transformações.
A esse pacote soma-se proposta de emenda constitucional reduzindo o número de deputados federais e de senadores: na Câmara Federal, dos atuais 513 para 386 parlamentares. No Senado, hoje, em número de três por estados, incluindo o Distrito Federal, a escala seria de dois, passando de 81 para 54.
Diz-se no folclore regional que de boas ideias o inferno está cheio. Os políticos não ousam, sequer, adotar a tese dos experimentalistas, que defendem colocar em prática iniciativas para, pelo menos, avaliar seus efeitos. As propostas ora na mesa já deveriam ter sido colocadas em prática, pois fica claro que o atual modelo está superado. O número de legendas vai além da representatividade, uma vez que muitas delas não têm qualquer ligação com as ruas, sendo fruto exclusivo de interesses de grupos. E ainda há a perversidade do voto proporcional, que acaba penalizando vários mais votados em favor de personagens de menor performance nas urnas. Em tese, seria prestigiar as legendas, mas estas não agem para justificar tal prerrogativa.
Como daqui a dois anos a eleição será nacional, é possível que algo seja feito, sobretudo após a experiência municipal, com uma campanha menor e sem patrocínio empresarial. A questão é saber até onde os parlamentares pretendem levar as necessárias alterações.