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Violência patrimonial

editorial
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No dia 16 de abril, quando uma mulher empurrando uma cadeira de rodas ingressou numa agência bancária, no Rio de Janeiro, para fazer um saque em nome de seu “Tio Paulo”, que estava na cadeira, revelou-se um cenário que, a despeito de todas as suas consequências, é emblemático. No caso em questão, o titular da conta estava morto. A mulher foi presa, mas alegou desconhecer o óbito. O caso ainda não teve um desfecho definitivo.
O que ficou evidente foi o abuso sistemático contra idosos, na maioria das vezes praticado por parentes, pessoas próximas ou de sua confiança. Na edição deste domingo, a repórter Sandra Zanella mergulhou nessa discussão, ouviu especialistas de diversas áreas e constatou ser mais grave do que se imagina o que ocorre com pessoas da terceira idade.

Há abusos de toda sorte. Desde um saque bancário a propostas de empréstimos com tarifas fantasiosas, que, ao fim e ao cabo, escondem golpes cujos resultados são irreversíveis. A violência patrimonial é uma realidade que não se esgota na instância da segurança pública.

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Os diversos fóruns que tratam das demandas da terceira idade têm chamado a atenção para os riscos, mas as ocorrências continuam sendo registradas não apenas por serem os crimes, em sua maioria, praticados por pessoas de confiança da vítima, mas também pela ingenuidade desses personagens.
Os crimes se manifestam de diversas formas, uma vez que os autores utilizam ferramentas que não convencem apenas aos idosos, mas também os familiares. Apesar da existência de leis de proteção de dados, o acesso a informações pessoais ainda é frequentemente observado. Os autores dos delitos iniciam o diálogo já sabendo do potencial da vítima.

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Os abusos nem sempre estão no campo do ilícito. As propostas de dinheiro fácil também afetam o orçamento dos idosos, por serem induzidos a aceitar facilidades sedutoras. Consignados e outros benefícios são rotineiros.

Mas, na maioria das vezes, o “inimigo” mora ao lado. A repórter da Tribuna ouviu relatos emblemáticos. “Muitos familiares pegam o cartão do idoso, que fica na mesa, com a senha, para fazer empréstimo. E como provar que não foi o idoso que contraiu a dívida?”, observou um delegado.
Envolvendo várias modalidades, a fraude financeira, quando descoberta, já se consumou com as devidas consequências.

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É necessário ressaltar que em Juiz de Fora os diversos fóruns envolvendo a terceira idade têm sido pródigos em discutir o tema. Os serviços de proteção do consumidor fazem campanhas frequentes sobre os riscos tendo como alvo não apenas a potencial vítima, mas também os cuidadores ou pessoas próximas, já que, sem a participação da família de boa-fé, facilita-se a consumação do crime.

Na matéria de destaque desta edição são feitas diversas observações que devem ser seguidas para evitar danos financeiros. Elas abrangem desde a segurança de senhas até a cautela com links suspeitos e ligações telefônicas ofertando vantagens. É preciso ficar atento.

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