Os jornais e as redes sociais estamparam na quarta-feira (6) imagens e fotos dos policiais do Rio de Janeiro fazendo selfies com o bandido Rogério Avelino da Silva, mais conhecido como Rogério 157, preso, sem um disparo, numa comunidade da Zona Norte daquela cidade. Por conta dos enfrentamentos na Rocinha, ele tornou-se o homem mais procurado pela polícia. Conseguia escapar mudando de bairro em bairro, mas acabou caindo graças ao serviço de informações. Ficou claro que, ao agir usando seus serviços de inteligência, a polícia conseguiu o resultado que não tinha até então obtido durante suas incursões pelos morros, com danos colaterais de grande proporção.
O foco, porém, especialmente das redes, não se prendeu aos resultados, mas ao comportamento dos agentes. Glamourizaram o crime ou utilizaram o meio para apresentar o resultado? Foi aberto procedimento para avaliar as consequências, uma vez que, numa das imagens, Rogério 157 até sorri, com rosto quase colado ao de uma policial que participou da operação. As imagens viralizaram e abriram essa nova frente de discussão.
Em tempos digitais, a identidade tornou-se preponderante, com pessoas, e até entidades, buscando seu espaço. Para isso, registram tudo, mas inserem-se no contexto, isto é, publicar a foto do bandido preso não bastava, era preciso mostrar os atores da prisão na mesma imagem. É o mesmo papel desempenhado pelo turista que não colhe mais apenas as imagens dos pontos visitados, mas se mostra, por meio da selfie, a fim de dizer que esteve lá.
O caso da prisão, embora seja uma situação não semelhante, vai pelo mesmo caminho. Era preciso mostrar quem esteve na linha de frente da operação. Até o delegado se rendeu aos meios dos novos tempos.
Discutir a validade desse comportamento pode ser necessário, para que não haja rompimento de limites, mas compreendê-lo também faz parte da questão, pois, a despeito de tudo, o trabalho ocorreu de modo eficiente.