Na noite de segunda-feira, uma colisão envolvendo quatro veículos – um automóvel e três carretas – resultou na morte de três pessoas e ferimentos graves, na BR-040, no quilômetro 603, próximo à localidade de Pires (Congonhas doe Campos), no sentido Belo Horizonte-Rio de Janeiro. As imagens são espantosas. O carro de passeio, um Gol, ficou totalmente destruído sob as rodas de uma das carretas. O motorista de uma delas também veio a óbito ao chocar-se na traseira de outro veículo pesado.
O trecho entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete continua sendo um território de mortes ante a perigosa e diária convivência com os caminhões das mineradoras. Desta vez não foi diferente. A via, com sinalização precária, comprometida especialmente pela lama ou pó de minério, dependendo das condições do tempo, continua sem os necessários investimentos. Não há separação das pistas na maior parte deste percurso, aumentando ainda mais a possibilidade de acidentes na região.
Chama a atenção o fato de ser uma via privatizada há pelo menos cinco anos. Quando foi anunciada a concessão para a Via 040, estabelecia-se, também, um pacote de obras importantes para não apenas melhorar as condições de tráfego, mas também (e principalmente) de segurança. O máximo que se fez foi dar fim ao velho Viaduto das Almas, mas os demais pontos de risco continuam.
Entra e sai ano e nada acontece a despeito das muitas denúncias, inclusive da Assembleia Legislativa, que chegou a criar uma comissão especial para tratar exclusivamente do tema. Os deputados e deputadas constataram o que todos já sabem: o trecho é crítico. A partir daí, não se sabe para onde foi o relatório.
As mineradoras, em sua maioria, já ocupam uma via própria, mas as poucas que ainda passam pela BR-040 são suficientes para comprometer a trafegabilidade, com riscos, inclusive, para os seus profissionais. Um dos mortos na noite de segunda-feira era o motorista de uma das carretas.
Enquanto não se exigir a retirada desse trânsito pesado e não forem feitos investimentos na pista, a situação continuará no mesmo status. O próximo lote de privatização, que deve ser definido provavelmente em dezembro, deve exigir de forma peremptória a execução de obras previstas já no primeiro processo de privatização: reformulação dos viadutos na cidade de Santos Dumont – ou um novo trecho -, melhoria na sinalização e, sobretudo, divisão da pista nos muitos pontos que ainda restam.
Até quando haverá mortes na rodovia? Essa indagação permanece a despeito do saldo de tantas mortes e de famílias em luto mesmo em se tratando uma rodovia pedagiada. Não há margem para a omissão, uma vez que, mesmo privatizada, a rodovia também é de responsabilidade do Governo Federal através da ANTT, agência responsável pelo Sistema e cuja função é cobrar as correções que se fazem necessárias.
Em toda a sua extensão, a BR-040 tem questões críticas a serem resolvidas. Entre Juiz de Fora o ponto central são as obras inacabadas na Serra de Petrópolis. Entre Juiz de Fora e Belo Horizonte o trecho de tantos acidentes deve ser a prioridade.