A linha de defesa do deputado Eduardo Cunha tornou-se a discussão do momento, uma vez que o parlamentar admitirá que tinha dinheiro na Suíça, mas que era originário de trabalhos como corretor internacional e exportava carne nos anos 1980. Deve acrescentar que as contas no exterior pertenciam a offshores, e não a ele. Ao deputado Fausto Pinato, nomeado relator do caso, caberá aceitar ou não a denúncia, mas é provável que o faça, afinal, o risco de engavetamento teria grande repercussão na opinião pública. Ademais, aceitá-la é uma coisa, condenar o denunciado é outra.
Eduardo Cunha, que já viveu momentos mais agudos, continua à frente da presidência da Câmara e comandando a pauta. Por isso, vários atores do Governo e da oposição mudaram o discurso, ou reduziram as críticas, pois entenderam que o parlamentar ainda está “vivo na política”, com forte amparo de sua base no Legislativo. Até os interessados em sua cadeira, como o deputado Leonardo Picciani, que teria aval do Planalto, tiraram o pé do acelerador. O deputado pelo Rio de Janeiro, como Cunha, diz que está tentando intrigá-lo como colega.
Resta saber até onde vai a discussão, pois, se já há consenso que o caso não se encerra este ano, a dúvida é avaliar o ciclo de desgaste da instituição com uma situação tão grave. O Conselho de Ética, a despeito de o relator se dizer independente, vai comprar as acusações, ou vai buscar uma saída honrosa para o denunciado? Essas indagações ocuparão a pauta dos próximos meses, mas é vital considerar que a paciência do eleitor já não é mais a mesma.