A privatização do sistema rodoviário foi um avanço, bastando ver a qualidade de diversas rodovias antes de passarem para o controle da iniciativa privada, como a BR-040. A despeito de sua importância estratégica, antes, era um arremedo de estrada, de risco permanente para os usuários. A viagem para o Rio de Janeiro era um tormento, bem diferente dos tempos atuais, em que o trecho, dentro de parâmetros de segurança, é cumprido em pouco mais de duas horas. Para Belo Horizonte, ainda há muito a ser feito, mas já é possível ver a diferença.
Mas há pontos a considerar, começando pelo valor do pedágio, bem acima da média nacional e, paradoxalmente, na própria rodovia. No trecho entre Juiz de Fora e Brasília, sob jurisdição da Via 040, ele custa R$ 0,40, enquanto, para o Rio de Janeiro, com a Concer, é de R$ 12,60. Por iniciativa da ANTT, como a Tribuna mostrou ontem, vai ocorrer uma redução de R$ 0,20, insignificante, pois passa apenas para R$ 12,40.
A parte crítica, porém, não se esgota na tarifa. Está na duplicação do trecho que corta a Serra de Petrópolis. Programada para terminar antes dos Jogos Olímpicos, tem apenas 50% da obra concluídos e sob a desconfiança de sobrepreço de R$ 400 milhões, segundo o Ministério Público. A concessionária diz que a denúncia não procede, mas paralisou o serviço, deixando os usuários apreensivos, pois não sabem o que virá pela frente.
Independentemente do processo, é fundamental concluir o serviço, por tratar-se de uma obra que deveria ter sido executada na primeira fase da privatização, quando a empresa optou pelo trecho mais barato entre Matias Barbosa e Juiz de Fora na expectativa da renovação da concessão, que agora vence em 2020. Mas não dá para esperar tanto tempo, sob o risco de sucateamento do que já foi feito e pela falta de perspectiva do que precisa ser realizado. O país é pródigo em obras inacabadas, mas a duplicação da serra, definitivamente, não deve entrar nessa relação.