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Avisos da natureza

editorial
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A tragédia no Rio Grande do Sul, que já envolve mais de 30 mortos em decorrência da passagem de um ciclone, é mais um alerta da natureza que precisa ser considerado nos debates sobre as mudanças climáticas. O evento foi resultado de uma perversa combinação com uma frente fria que se intensificou pela ação de um El Niño de maior severidade. O fenômeno se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e no Brasil atinge as regiões de forma distinta: no Centro-Sul, com chuvas mais intensas; no Norte e no Nordeste, com secas prolongadas.

Na última quarta-feira, os cariocas se depararam com uma paisagem inédita e preocupante. O aumento das marés na Praia de Copacabana criou uma área sem areia, com a exposição de um cenário estranho aos frequentadores e que já tinha sido experimentada pelos moradores de Cabo Frio tempos atrás. Na Região dos Lagos, a Praia do Forte se viu, de um dia para o outro, sem a famosa areia que lhe faz o principal point da região. No Rio foi apenas um trecho, mas revelador.

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Eventos de tal magnitude tendem a se repetir e, de forma preocupante, com maior intensidade. O derretimento das camadas polares gera consequências. Pelo mundo afora, muitos países já se preparam para o pior com o aumento do nível do mar. Até mesmo regiões que já vivem com esse problema, como os países baixos, entendem que num futuro próprio a situação tende a se agravar.

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O grave desse enredo, e já exposto neste espaço por diversas vezes, é que tudo isso tem a motivação humana, que imputa à natureza algo no qual ela apenas reage. Os países do primeiro mundo, especialmente, apesar de todos os discursos e dos muitos fóruns, ainda mantêm uma profunda emissão de gases. Por outro lado, as políticas de combate ao desmatamento são tímidas, numa depredação global que vai gerar custos irreversíveis.

Para muitos, não faz sentido tal alarmismo, imputando ao viés ideológico as muitas denúncias envolvendo o meio ambiente. Trata-se de um equívoco, embora a cada ano os eventos climáticos produzam provas materiais de sua “indignação”.

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No Brasil, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, está prestes a começar o período das chuvas, que se intensifica a partir de dezembro. Foram muitos os casos de mortes e desabrigo nos últimos anos. Em 2022, foi a região serrana do Rio de Janeiro. Neste 2023, no litoral paulista, especialmente no Guarujá, centenas de pessoas ou perderam a vida ou ficaram desabrigadas. Nos dois casos cabe a mesma pergunta: o que foi feito para enfrentar possíveis novos eventos?

Na região de Petrópolis já são conhecidos o enfrentamento político das autoridades – especialmente às vésperas de um ano eleitoral – e as denúncias de mau uso dos recursos repassados, especialmente, para contenção das encostas. São tragédias anunciadas que não sensibilizam totalmente os agentes responsáveis pelas medidas de contenção.

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Juiz de Fora está se preparando com ações de drenagem de córregos e de implementação de projetos para evitar inundações. A população, no entanto, também tem papel assertivo nessa demanda, sobretudo no combate à ocupação desordenada em áreas de risco. Mais do que isso, esses invasores – forçados pelas circunstâncias -, ao fim e ao cabo, são as possíveis vítimas dessas tragédias.

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