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Jogo da política

editorial
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Se fosse uma discussão eminentemente técnica, a fala do governador Romeu Zema sobre a criação do Consórcio Sul/Sudeste talvez não tivesse a mesma repercussão. Quando ele pede uma divisão proporcional dos recursos, uma vez que os sete estados dessa região são os mais afetados, verbaliza princípios que estão na própria formatação da Câmara Federal. Os estados são representados proporcionalmente pelo número de eleitores. Por isso, São Paulo tem a maior bancada, seguida de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. A igualdade se explicita no Senado, onde os eleitos representam os estados e não a população. Cada unidade federativa tem três representantes.

A forma como o governador se apresentou tem problemas, por passar a impressão de separatismo, o que ele, em momento algum, verbalizou, mas o campo político é sempre pantanoso e qualquer afirmação corre o risco ora da descontextualização ora pela interpretação que se quer dar ao discurso.

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O governador de Minas é um dos nomes cotados para as eleições de 2026 e, embora diga que não tem a pretensão de ser presidente da República, admite alguma ação “caso a mula passe arreada”. Isso o coloca sob os holofotes, o que implica em mais cuidado nas afirmações para não ficar emitindo notas explicativas no momento seguinte e passando por desgastes desnecessários, mesmo quando esteja eivado de razão. O jogo político, ao qual se inseriu há pouco mais de quatro anos, tem nuances que exigem atenção.

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Minas é um celeiro de lideranças que têm a mesma leitura do governador ao exigir, e com razão, uma divisão mais justa do bolo, mas é necessário avaliar os cenários que levam a essa disparidade. Os políticos do Nordeste atuam unidos em seus propósitos; os do Sul e do Sudeste agem em compartimentos estanques e só agora, com esse consórcio, tentam uma linguagem única.

O governador, aliás, conhece de perto essa forma de atuação. Sua região, o Triângulo Mineiro, é um exemplo de ação conjunta de suas lideranças. Quando a causa é positiva, afastam as divergências e atuam na mesma pauta. As demais regiões – entre elas a Zona da Mata – ainda não obtiveram esses consensos. O que o governador postula é replicar um trabalho conjunto dos estados do Sul e do Sudeste. É correta a sua lógica, mas peca ao fazer a contraposição com as demais regiões, mesmo que esteja apenas indicando que eles estão certos ao operarem em bloco.

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O Nordeste, especialmente, é estratégico para qualquer político com pretensões nacionais bastando avaliar o resultado das eleições do ano passado. O governo do então presidente Jair Bolsonaro só percebeu tal dado na reta final do pleito, quando tentou uma série de políticas de última hora que não viraram o jogo. Venceu no Sul e no Sudeste, mas foi o Nordeste quem garantiu a vitória de Lula. Por isso, o governador ou qualquer outro postulante à chefia do país, não pode explicitar ações apartadas. Países continentais sempre têm algum tipo de problema na regionalização, mas na hora derradeira, são um só.

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