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Prêmio sem delação

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Um relatório da Polícia Federal, encaminhado ao juiz Sérgio Moro, indica que alguns delatores da Lava Jato foram beneficiados pelas concessões do Ministério Público sem uma contrapartida adequada. Fizeram denúncias sem dados e, quando confrontados em acareação, tiveram versões conflitantes: alguém, portanto, estava mentindo, mas não houve alteração na condição de redução de pena, como ocorre com os delatores. O documento cita os casos do doleiro Alberto Yousseff, do engenheiro Paulo Roberto Costa e do lobista Fernando Baiano.

O relatório da PF aborda fatos isolados, mas é emblemático, pois a principal discussão não entrou no documento: a delação dos donos da JBS, que receberam perdão para os muitos ilícitos que praticaram. Indicaram o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves como beneficiários de suas “bondades”, mas tiveram uma contrapartida questionável. O perdão, ratificado pelo Judiciário, causa incômodos, principalmente quando Joesley, após a Câmara rejeitar a denúncia contra o presidente, classificou o fato como vergonhoso. E os que ele praticou? Pura ironia.

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A Lava Jato continua, e o procurador-geral, Rodrigo Janot, garante que terá fatos novos, mas seu papel também é questionável, quando soa como um samba de uma nota só, baseando-se mais em informações circunstanciais do que materiais, como se fosse um justiceiro, em vez de um procurador.
O país precisa ir adiante, é fato, mas não pode esquecer as mazelas que perpassaram as relações entre público e privado nas últimas décadas. Para isso, porém, é preciso ter firmeza e serenidade, a fim de garantir resultados que, de fato, mudem essa relação, mas sem o risco de injustiças.

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