A redução do número de homicídios em Juiz de Fora no primeiro semestre do ano, como apontam números divulgados pela Tribuna, é indicadora de boas práticas de segurança na cidade e, por isso, passível de comemoração, mas não encerra a discussão sobre o tema. Os números ainda são expressivos, implicando desenvolvimento de outras ações, sobretudo na esfera social, para reverter plenamente o ciclo. Joga-se muito a questão para cima das polícias, Civil, Militar e Federal, mas o ataque à matriz do problema deve ser a prioridade das instâncias de poder. Tanto a União quanto os estados e municípios devem ampliar seus esforços para uma agenda permanente, pois só dessa maneira será possível fazer reduções efetivas de ocorrências.
E é por conta disso que a discussão também deve ser uma causa cotidiana, a fim de aferir o que está sendo feito e o que há por fazer. Quando jovens são as principais vítimas dessa violência, fica explícito que os programas para essa faixa etária – a despeito de muitos estarem em curso – ainda são insuficientes para mostrar-lhes o outro lado dessa guerra urbana. E isso só se faz com investimentos na educação, que se desdobram em cultura, lazer e, principalmente, oportunidade de emprego. Os antigos já diziam que o ócio é a morada do diabo, numa metáfora que se faz moderna ante os índices de desemprego. Sem oportunidades, os jovens são seduzidos pelo apelo fácil do crime, sobretudo o tráfico, que os torna autores e vítimas desse processo.
O programa Fica Vivo, que o Governo anuncia para breve em Juiz de Fora, tem esse viés coletivo, por atuar não apenas na repressão mas também na prevenção. Da mesma forma, muitos outros programas trabalham sob o mesmo princípio, mas os recursos para estes continuam sendo um problema, por estarem aquém das necessidades. O combate aos crimes contra a vida é uma necessidade coletiva, bastando avaliar os números do Atlas da Violência divulgado no início da semana.