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Peça estratégica

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É no mínimo estranho o interesse de uma parcela importante do Congresso em retornar o Coaf para o controle do Ministério da Economia, tirando-o das mãos do ministro da Justiça, Sérgio Moro. O argumento é frágil, sobretudo quando se sabe que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras foi estratégico para a Operação Lava Jato, apontando o trânsito de dinheiro ilícito pelos bancos e em transações pouco republicanas. Os defensores da ideia, situados no Centrão e até em parcelas da oposição, consideram que tal atividade é meramente econômica, não vendo sentido em estar no ministério comandado pelo ex-juiz.

A performance do conselho, porém, refuta esse argumento, pois ficou claro que, ao apontar saques e depósitos sob suspeita, ele deu margem para que notórios corruptos e corruptores fossem descobertos, no que foi a maior investigação na história recente do país. Não fossem tais apurações, certamente o Ministério Público e a Polícia Federal não teriam chegado ao atual estágio de investigação.

O líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), relator da comissão mista que analisa a Medida Provisória da reforma administrativa, mudou de ideia e sinalizou que vai defender a manutenção do Coaf na instância de Moro, mas admitiu que será necessário um trabalho de convencimento, de mobilização, para, “nessa matéria, que certamente será destacada no plenário da comissão, o Governo possa construir a maioria para a manutenção do conselho no Ministério da Justiça”, recomendou o parlamentar.

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O ministro entendeu o recado e iniciou a terça-feira recebendo uma delegação de parlamentares, mas terá que gastar mais saliva para alcançar tal objetivo, sobretudo quando a classe política exerce o que sabe fazer de melhor: defender o próprio interesse. Quando oposição e Centrão se unem numa mesma demanda, está claro que não se trata de um jogo ideológico. Há preocupação com o futuro, já que as investigações vão continuar.

Mas o ministro precisa, por seu turno, garantir, com todos os dados possíveis, que o conselho não será um elemento de violação de privacidade. Ele é um órgão de inteligência, mas não pode, de forma alguma, ser um instrumento dos detentores do poder.

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