O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, não foi concebido para festas, mas para a luta; para lembrar que, a despeito dos avanços sociais e da própria sociedade, ainda há diferenças abissais, numa luta de gênero sem sentido, que funciona como uma pedra na busca de direitos iguais. As mulheres de todo o mundo, umas mais, outras menos, ainda são postadas no segundo plano. Na carreira, no dia a dia do trabalho e, sobretudo, no salário. Essa realidade incomoda, mas ainda encontra resistência no velho patriarcado, que fincou profundas raízes. Em alguns países, há uma cultura medieval, na qual os direitos são mínimos – não votam, não dirigem e ainda caminham atrás dos homens -, sem que haja sinais de mudanças.
No Brasil, mesmo com consideráveis avanços, a diferença se faz presente, mas o que mais choca é o modo como são vistas por alguns segmentos, como se fossem algo descartável. No relato colhido nas ruas pela Tribuna, várias mulheres, além do desapontamento natural com essa realidade, explicitaram o medo de ir às ruas, pois, mesmo com uma legislação atualizada, ainda há a cultura do estupro. Pior ainda, em vez de vítimas, são vistas como indutoras, numa metáfora de cabras e bodes, que perpassa o discurso de famílias com o viés machista.
Mas a luta também deve ser voltada para as próprias mulheres. Maioria da população e nos colégios eleitorais, ainda não se uniram o suficiente para se fazer representar proporcionalmente nas casas legislativas e nos executivos. Em Juiz de Fora, ao curso de toda a história, é possível contar nos dedos o número de mulheres que ascendeu à Câmara Municipal. Na Câmara dos Deputados e no Senado, essa proporção se repete. Nem mesmo a lei que estabelece cotas nos partidos é preenchida. Como resultado, o Legislativo, em todas as instâncias, é uma casa de homens.
Entender esse fenômeno deve fazer parte das muitas discussões que se desenvolvem neste mês, mas que precisam ser permanentes para equilibrar o jogo. A representação política é estratégia para esse processo, pois, além de leis, é preciso exigir a sua execução. Por isso, não bastam as flores de hoje, o dia de luta é bem mais longo.