O Censo Demográfico de 2022 deverá passar por novo adiamento, uma vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela coleta de dados, prorrogou novamente a as pesquisas de campo até o fim de janeiro do ano que vem. Em princípio, o levantamento, iniciado em agosto, deveria terminar até o fim de outubro. A despeito de ter flexibilizado as regras de contratação e melhorado a remuneração dos recenseadores, ainda há problemas no preenchimento de vagas.
Ainda de acordo com o IBGE, até o dia 5 deste mês, foram recenseadas 168.018.345 de pessoas em 59.192.875 domicílios no país, o equivalente a 78,73% da população brasileira. O atraso nas pesquisas não ocorrerá necessariamente em todos o país, mas algumas regiões, segundo o diretor de pesquisa do Instituto, Cimar Azevedo, terão seus números definidos somente no ano que vem.
O atraso não decorre apenas por conta do número de recenseadores. Uma expressiva parcela da população reluta em recebe-los por razões diversas, que vão desde o medo de abrir suas residências até o viés ideológico de não levar em conta repassar informações para o Estado.
O IBGE deve insistir no levantamento e o Governo, mesmo no final da legislatura, deveria elaborar campanhas de mobilização, por ser o Censo uma importante ferramenta de políticas públicas e vetor para repasses aos municípios de recursos dos estados e União. O atraso, de imediato, implicará num detalhe preocupante: os dados sobre a população de estados e municípios que serão entregues ao Tribunal de Contas da União em 26 de dezembro ainda precisarão ser completados.
As transferências do Fundo de Participação Municipal (FMP) – uma das principais fontes de receita da maioria dos municípios – são feitos com base na população. A última pesquisa ocorreu em 2010 e o que hoje é visto são meras estimativas. Com isso, as prefeituras perdem recursos que poderiam ser aplicados em favor dessa mesma população.
Ademais, o país precisa conhecer o seu povo, o que só é possível com o Censo, pois ele não se esgota na contagem de habitantes. Os recenseadores levantam o perfil sócio econômico que será estratégico para o estabelecimento das políticas públicas. É pelos dados da população que se conhece o tamanho da desigualdade e do perfil de consumo.
O atraso compromete ações imediatas, sobretudo num momento em que o país passa pela mudança de administração. A gestão a ser inaugurada em 1º de janeiro terá dados defasados, o que pode implicar em distorções nas suas próprias ações.