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Novo normal

editorial moderno
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O longo período de quarentena tem levado ao surgimento de novos sentimentos, mesmo diante das consequências. Imagens de bares do Rio de Janeiro (de novo, o Rio), no fim de semana, mostraram casas cheias, gente sem máscara e intolerância no trato com os fiscais que estavam só fazendo o seu trabalho. Uma imagem viralizou nas redes sociais, na qual uma mulher, ao lado do seu parceiro, reage à interpelação e diz que ele é engenheiro e era superior ao fiscal, que só o chamou de cidadão. Ontem, argumentando que sua funcionária contrariou as regras de isolamento, a empresa onde ela trabalha a demitiu.

O afloramento de sentimentos é uma grave consequência da pandemia perante o estresse coletivo que marca os setores público e privado. A falta de sintonia entre os governos federal, estadual e municipal, somada à teimosia daqueles que desnecessariamente furam o isolamento, gera situações críticas para o país, que continua numa corrida célere para bater os recordes de mortes. Os países europeus, no início do ano, eram o epicentro da contaminação; ficaram longe. O Brasil só perde para os Estados Unidos, cujo presidente ignora os números, pensando apenas nas eleições de novembro.

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O grave desse enredo é a curva ascendente da pandemia e a ausência de políticas consistentes para salvar a economia. Na edição de domingo, a Tribuna, em matéria de capa, destacou que os bancos privados rejeitaram empréstimos a 56% das micro e pequenas empresas mineiras. Como consequência, só em Juiz de Fora, 20% dos comerciantes e dos prestadores de serviço devem encerrar suas atividades até dezembro.

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O discurso de apoio ao setor privado pelas instituições financeiras migrou para o campo da ficção, bastando ver os números. A dificuldade de crédito ameaça negócios, e, por consequência, cresce ainda mais a margem de desemprego. Pouco mudou nesse período, o que eleva a preocupação diante da falta de perspectiva.

O novo normal, que virou tema do momento, é um desafio coletivo, pois não se sabe a sua extensão. A única certeza é a de que, enquanto a vacina não surgir, o cuidado será a questão imposta, associada à retomada das atividades, que se tornou um imperativo. Caso contrário, as consequências serão bem mais graves.

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