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Hora da barganha

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Com a aproximação das convenções, quando os partidos formalizam suas candidaturas, e da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, os candidatos começam a buscar tempo de exposição, o que só é possível com o tempo cedido aos partidos. Assim, sem surpresa, a pressão sobre determinadas legendas se acentua, já que têm tempo e dinheiro e nem sempre um candidato competitivo. É o caso do União Brasil, de Luciano Bivar, e do PSD, de Gilberto Kassab. O primeiro tem a chave de um dos maiores caixas do Fundo Partidário em razão de seu partido ter sido resultado da fusão do PSL – um recordista de eleitos em 2018 – e do DEM. Bivar, no entanto, se apresenta como candidato mesmo sabendo de suas chances mínimas. Já Kassab ainda tenta um espaço no cenário nacional, mas sabe que dificilmente irá emplacar um nome, como em Minas, onde pressionou o PT e formou a chapa com Alexandre Kalil, candidato ao Governo, e Alexandre da Silveira, como senador, deixando para o partido de Lula a indicação do vice.

Ambos são cientes do poder que têm nessa hora da barganha, por saberem mexer os dados e conversar com interlocutores certos. Tirar ou apresentar nomes nas disputas estaduais não é problema, pois tudo depende de como a articulação é encaminhada. O União Brasil terá candidato próprio, mas já se coloca como player num eventual segundo turno, quando os finalistas cedem dedos e anéis para conquistar recursos, tempo de propaganda e, sobretudo, bancadas, já que os eleitos para os postos proporcionais – deputados estaduais e federais – e senadores são escolhidos na primeira rodada eleitoral.

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Esses movimentos fazem parte do jogo político. A questão a ser discutida é como eles estão sendo implementados. É próprio do processo garantir cadeiras no Governo, embora muitos eleitos nem sempre cumpram o que é prometido, e outros, por força do próprio jogo, vão pelo caminho inverso. Estabelecer maiorias é um processo que exige negociações que são aceitas desde que feitas sob o viés republicano. Os recentes escândalos da República tiveram como matriz acordos preliminares forjados no silêncio da noite e, de caso pensado, de olho nos caixas do Estado.

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A Justiça Eleitoral sempre foi atenta para essas questões, daí a importância de a própria sociedade monitorar as discussões dentro do Congresso Nacional com o claro objetivo de reduzir o controle sobre as contas dos partidos. Um desses projetos estabelece auditorias próprias dos partidos, serviço, hoje, por conta do Judiciário. Embora não se possa fazer juízo antecipado desse interesse, fica mais confortável compreender que cada um tem seu papel no processo, e à Justiça Eleitoral cabe promover as eleições, sua apuração e a diplomação dos candidatos e verificar os custos das campanhas.

A disputa de 2022 terá características próprias tanto no âmbito federal quanto nos estados. Na corrida presidencial, os candidatos mais cotados nas pequisas de intenção de votos – Lula e Bolsonaro – já buscam novos aliados, cientes da importância de acordos nos entes federados, sobretudo por características próprias de cada região. Nos estados, como em Minas, as conversas são pontuais, uma vez que há sempre margem para receber votos de um candidato à Presidência fora de seu campo político sem, necessariamente, apoiá-lo

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