O Atlas da Violência, que tem publicação anual, continua trazendo más notícias: no Brasil, a violência chega a níveis insustentáveis, pois mata mais do que conflitos convencionais e atos terroristas, num cenário permanente que passa, perigosamente, perto da fronteira do descaso. A população já não se indigna, embora seja ela a principal vítima; os governos anunciam planos, mas estes não saem do papel e o diálogo federativo, que poderia coordenar ações de segurança, é um arremedo.
A cada mudança de poder, inclusive na interinidade de Michel Temer, são anunciados projetos de segurança. Mas nada mudou e os que foram recentemente implantados estão sendo desidratados pela falta de investimentos. Nesse aspecto, tanto à esquerda quanto à direita, passando pelo centro, o viés ideológico pouco mudou os números, mesmo com investimentos na área social que são inegáveis. O Mapa é perverso nesse aspecto, pois também indica que, a despeito de todos esses processos, a população mais afetada é basicamente a mesma, o que também ocorre na faixa etária.
Em Juiz de Fora, o número de homicídios, embora tenha refluído no último trimestre, é alto. Mesmo assim, a cidade está na 152ª posição, em melhor condição do que muitas regiões de seu porte. O problema, porém, é que não dá para comemorar, pois não é o município que melhora, são os outros que pioraram seus índices.
É fato que medidas pontuais entram na agenda, mas são tímidas se comparadas aos números do Atlas. Metrópoles como o Rio de Janeiro beiram ao descontrole, sobretudo pela ineficiência dos governantes, ora envolvidos em vários processos oriundos das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. O estado tem, inclusive, um ex-governador na cadeia.
Em Juiz de Fora, espera-se a implantação do programa de combate aos homicídios “Fica Vivo”. Trata-se de uma experiência positiva e necessária. Os crimes consumados contra a vida, como aponta o levantamento, são uma tragédia urbana que tem que ser enfrentada cotidianamente.