O afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara e do próprio mandato não é a solução definitiva para o papel que ele representa no Congresso Nacional. Conhecedor de muitos segredos e disposto a usar meios e fins para seus objetivos, o parlamentar ainda vai tirar o sono de muita gente, daí a necessidade de se ficar atento não apenas para os seus próximos passos, mas também aos de outros atores políticos com ele em débito. É o caso de seu sucessor, Waldir Maranhão, que foi o instrumento de Cunha em várias decisões, sobretudo quando se tratava de minar o poder do Conselho de Ética e que agora dá as cartas.
É bem verdade que ele é frágil nos argumentos e não tem as habilidades do titular, mas há outros que seguem a mão invisível do deputado e que não querem perder suas prerrogativas nos bastidores do poder. Por conta disso, não apenas a Justiça deve dar um fim definitivo a essa novela, mas a própria Câmara deve agir, o que, aliás, já deveria ter sido feito e evitado o constrangimento que ora passa de ver o Judiciário atuar em seu território.
Mas será possível saber a repercussão da decisão do STF na semana que vem, quando Brasília, de novo, estará em ebulição com a votação em plenário do relatório do senador Antônio Anastasia, que poderá implicar o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até seis meses e a ausência de Cunha da presidência do Legislativo. Os partidos já abriram o debate sobre sua sucessão, mas esta só deve ocorrer após uma sentença condenatória de mérito ou renúncia do deputado, algo que ele já garantiu que não irá fazer. A semana,pois, promete.