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Brigas pelo poder

editorial
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Numa etapa em que o presidente Lula tenta recuperar o seu prestígio, ora em baixa de acordo com recentes pesquisas, ele é obrigado a administrar conflitos internos que comprometem ainda mais o olhar das ruas para o seu governo. O enfrentamento entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, tornou-se uma fonte de desgaste cujos reflexos podem chegar às ações da empresa.

Prates não aceita as pressões do ministro que tem maioria de indicados no Conselho de Administração e passou a acumular problemas ao confrontar o ministro. Na ausência de conversa, as articulações crescem nos corredores de Brasília para se encontrar uma saída que não queime de vez o dirigente e nem mostrem que o ministro é o dono da bola. O grupo petista ainda apoia Prates por conta da origem de Silveira, filiado ao PSD de Gilberto Kassab e um dos afilhados políticos do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco.

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Ao fim e ao cabo, a discussão é eminentemente política. O presidente da República deve indicar o atual presidente do BNDE, Aloísio Mercadante, para presidir o Conselho de Administração, o que daria um fôlego de curto prazo a Prates e colocaria um freio nas investidas do ministro.

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A Petrobras é uma empresa de forte participação do capital privado e discussões dessa natureza só reforçam a desnecessária má-impressão no mercado. Ademais, se for mesmo pagar os dividendos – uma das razões do embate – vai beneficiar não apenas aos acionistas, mas ao próprio Governo, que tem a maior parcela de ações.

As recentes decisões do Senado Federal reduzindo as fontes de arrecadação da União, levaram o governo a buscar alternativas e o recebimento de sua parte nos dividendos é uma delas. Motivado por esta possibilidade, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad tem evitado as discussões.

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O senado, liderado pelo seu presidente, Rodrigo Pacheco, discute com o governo a desoneração da folha de pagamento dos municípios. Apesar de uma medida provisória ter assegurada a desoneração de 17 setores da economia, a parte que atenderia aos municípios não foi contemplada, gerando necessidade de uma saída legislativa específica. O Governo avalia a medida por meio de uma MP, o que, no entendimento do senador é inconstitucional. Para ele, a solução deve ser implementada por meio de um projeto de lei.

Portanto, cabe ao presidente Lula resolver de ver esse imbróglio, a fim de reduzir os pontos de tensão de seu mandato que acabam repercutindo na opinião pública. Por mais de uma vez, ele admitiu a possibilidade de efetuar uma reforma ministerial por não estar satisfeito com sua equipe, mas é mister lembrar que o líder deve se antecipar, uma vez que, ao final das contas, o problema acaba sendo dele por não controlar a sua equipe.

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Em anos eleitorais é próprio dos governos implementarem suas ações, mas num cenário como essa, por mais que se faça a crise interna estará atrelada à imagem do Governo.

Lula é um articulador nato e seu silêncio é emblemático, mas todos sabem que, independentemente de quem venha a dirigir a estatal, o presidente da empresa, de fato, é o presidente da República.

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