Vereador por dois mandatos, o médico Antônio Almas, quando convidado a compor chapa com o então prefeito Bruno Siqueira – na busca da reeleição – , não imaginava que um ano e meio depois seria ele o titular da Prefeitura de Juiz de Fora. Bruno se desincompatibilizou para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, e a guarda mudou. Nesse sábado, o novo prefeito comemorou o primeiro ano à frente do Governo, mas admitiu que não dá para fazer festa, embora tenha certeza de suas realizações e dos problemas que, como os demais chefes de Executivo, tem enfrentado.
Na última quinta-feira, a Associação Mineira dos Municípios fechou um acordo com o governador Romeu Zema, definindo prazos para o pagamento parcelado, até 2022, da imensa dívida do Estado com os municípios. Não foi o acordo dos sonhos, mas já foi um começo, pois os prefeitos, até então, não tinham qualquer perspectiva de uma solução três meses depois da mudança de Governo.
Isso implica que Almas e seus colegas terão, pelo menos, data nos repasses, podendo traçar metas e efetuar ações de curto prazo. Em entrevista à Tribuna, publicada nesta edição, ele fala de seus desafios e de suas metas e reconhece que o mar não está para peixe, mas aposta em uma virada, indicando que não está fora do jogo municipal de 2020. Seu grupo político tem pretensões claras, e, até por força do cargo, o nome mais em conta é o dele numa reeleição.
A pretensão é legítima e é do jogo, mas Almas sabe que terá, até o pleito, uma série de desafios pela frente, a começar pela área que conhece bem e da qual fez parte durante anos como profissional: a saúde. Há uma série de gargalos agravados por projetos que não saíram ainda do papel e que acabam comprometendo o sistema local. O Hospital Regional, que não tem data para terminar, e o Hospital Universitário, que pode ser retomado, mas também sem perspectiva de curto prazo, são dois projetos que poderiam mudar o panorama de atendimento na cidade.
O prefeito também tem o gargalo da mobilidade. Com o aumento da frota, fruto dos financiamentos de longo prazo que mudaram o cenário das cidades – mais carros e ruas de menos -, exige-se das autoridades ações permanentes para evitar que o trânsito pare. Para tanto, são necessários investimentos para a construção de elevados e túneis. Almas garante que vai entregar o viaduto do Tupinambás e a alça do viaduto Itamar Franco.
Sabe, porém, que o gargalo se situa na Benjamin Constant e na Avenida dos Andradas, mas para estes ainda falta dinheiro, embora a transposição da linha férrea já tenha projeto para o trecho do Terreirão.
Gerenciar cidades já não é mais o exercício lúdico do poder. As metrópoles têm desafios diários que induzem o administrador a ter equipes ligadas aos novos tempos, com poder de gestão e de articulação, pois os municípios, sobretudo na busca de investimentos, disputam projetos entre si, bastando ver a migração permanente de indústrias, que buscam os melhores incentivos. Há muito a ser feito.